Ciência
07/06/2021 às 06:01•2 min de leitura
No sábado de 17 de abril de 1999, Gary Shilling, um comerciante do Brixton Market, localizado em uma área do sul de Londres onde possui uma grande população negra, achou estranho o comportamento de um jovem que ficava mudando de local uma mochila esportiva, até abandoná-la de vez na movimentada Electric Avenue.
Shilling então mudou a mochila para uma área menos lotada da rua antes de ligar para a polícia. Às 17h15, a mochila explodiu, lançando pregos de 10 centímetros que feriram gravemente 48 pessoas.
(Fonte: The Times/Reprodução)
No sábado de 24 de abril, uma bolsa Reebok preta foi colocada na Brick Lane, no East End de Londres, uma área com grande concentração de bangladeshianos. Temeroso, um homem a levou para a delegacia mais próxima, que ainda estava fechada. Ele colocou-a no porta-malas do carro quando, de repente, ela explodiu. Treze pessoas ficaram feridas.
Em 30 de abril, uma mochila foi colocada no Admiral Duncan, um histórico pub gay de Londres. O gerente do estabelecimento, Mark Taylor, sabia que algo estava errado, por isso evacuou o local o mais rápido que pôde. No entanto, a bomba dentro da mochila explodiu, ferindo 78 pessoas, das quais 3 morreram em decorrência dos ferimentos.
(Fonte: News Break/Reprodução)
Uma força-tarefa da polícia foi iniciada por toda a Londres para tentar determinar quem estava por trás dos ataques terroristas que aconteceram ao longo de 13 dias, em uma operação conhecida como "As Bombas de Pregos", que abalou alianças diplomáticas. O Combat-18, um grupo terrorista neonazista fundado em 1992, chegou a entrar em contato com o governo alegando autoria nos atentados, mas não foi levado em consideração pelos oficiais.
Após o ataque de 30 de abril, os investigadores conseguiram identificar que o autor dos ataques era o jovem de 22 anos, David Copeland, que se autodenominava militante neonazista e homofóbico, que desejava incitar uma guerra racial parecida com os conflitos de 1981.
(Fonte: The Independent/Reprodução)
Após ser preso, as declarações de Copeland deixaram claro que ele fez seu caminho progressivamente até o extremismo. Ele fantasiava ter reencarnado como um oficial da SS trabalhando para Adolf Hitler desde muito cedo, por isso ingressou no Partido Nacional Britânico, onde sua retórica altamente preconceituosa o fez ganhar uma posição de prestígio. Ele que pesquisou, armou e traçou os planos de como fazer os ataques com bombas caseiras repletas de pregos.
Diagnosticado com um leve transtorno de personalidade, em 30 de junho de 2000, David Copeland foi condenado a 6 sentenças de prisão perpétua pelos atentados de 1999 em Londres, que deixaram 140 feridos e 3 mortos. O juiz o considerou tão perigoso que duvidou que um dia fosse seguro libertá-lo, independentemente da extensão de sua doença mental.
Sua história foi retratada no documentário da Netflix, The Nail Bomber: Manhunt.