Estilo de vida
27/06/2021 às 11:00•2 min de leitura
A loucura e presença opressora do político Josef Stalin não só desestabilizou a vida de 200 milhões de cidadãos e causou a morte de cerca de 20 milhões de pessoas, como também a de sua família. Vasily Stalin, seu segundo filho, foi um nítido e triste retrato disso.
Nascido em 21 de março de 1921, Vasily Dzhugashvili Stalin sempre foi repudiado por sua mãe, Nadezhda Alliluyeva, trabalhadora dedicada do Partido Comunista, que na época servia ao secretário de Lenin. Com o nascimento de Vasily, Stalin a expulsou das atividades políticas para se concentrar nas questões domésticas, desenvolvendo nela um profundo ressentimento pela existência do próprio filho.
Mesmo assim, Alliluyeva insistiu e começou a trabalhar para construir uma carreira profissional longe da política, apesar das objeções de Stalin. Ao contratar uma babá para Vasily e sua irmã Svetlana, a mulher selou a distância que tentava tomar dos filhos.
Vasily, Svetlana, Stalin. (Fonte: Reddit/Reprodução)
Não demorou muito para que o abandono marcasse Vasily, que passou a destruir coisas através de um comportamento raivoso e descontar na irmã o ódio que sentia pela mãe.
Mas a derrocada emocional do menino aconteceu mesmo na noite de 9 de novembro de 1939, quando seus pais brigaram e Alliluyeva foi encontrada morta com um tiro no coração. Aos 13 anos, com ninguém ao seu redor, nervoso, rebelde e mimado, Vasily começou a beber.
Ao se formar na escola, ele ingressou na Força Aérea Soviética, sendo treinado pelo notório Lavrentiy Beria. Seu comportamento errático fez seus companheiros odiá-lo, principalmente pelas denúncias que fazia para seu pai. Sempre bêbado, ele perseguia mulheres e as violentava.
Aos 19 anos, Vasily se casou com Galina Burdonskaia, cuja união resultou em uma filha e foi repudiada por Stalin. Por outro lado, foram os dois únicos anos felizes do jovem antes que ele voltasse para a rotina de álcool e começasse com as traições.
(Fonte: Realnoe Vremya/Reprodução)
Nos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial, inflamado por algum espírito patriótico que ia além de seus problemas, Vasily se juntou ao Exército soviético na frente de batalha assim como os demais filhos de Stalin.
Todas as promoções que ele recebeu, indo de capitão a coronel em menos de 1 ano, foi porque os oficiais superiores esperavam obter favores de seu pai. O único momento de glória de Vasily foi quando a guerra virou a favor dos soviéticos e Stalin permitiu que ele liderasse seu regimento de caças, provando seu valor abatendo dois aviões alemães.
(Fonte: TracesOfWar/Reprodução)
Mas o fim da guerra afundou Vasily em seus vícios novamente. Ele se tornou técnico de uma equipe de hóquei no gelo, mas em 1950, em um revés do destino, quase todos morreram em um acidente de avião.
Temendo a fúria de Stalin, ele encobriu a tragédia substituindo os jogadores por outros mais jovens sem que seu pai descobrisse.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Em mais atos de bajulação, Vasily foi promovido a tenente-general e tomou o comando das Forças Aéreas em Moscou, causando a morte pública de dois pilotos, em 1º de maio de 1952, quando ordenou um sobrevoo estratégico de vigília enquanto estava bêbado, ignorando os alertas de tempo ruim.
Ele foi destituído do cargo por Stalin, como seu último ato antes de morrer, em 5 de março de 1953. Rapidamente, Vasily foi desprezado pelo governo e, sem o pai para protegê-lo, foi acusado de vários crimes de guerra e lançado na prisão de Lefortovo pelo Primeiro-ministro Nikita Khruschev.
Ele só saiu de trás das grades em janeiro de 1960. No entanto, já era tarde demais para Vasily, cuja saúde havia se deteriorado ao máximo com os anos de bebedeira. Em 19 de março de 1962, perto de seu aniversário de 41 anos, Vasily Stalin morreu sozinho, afundado na solidão e miséria que cercou sua vida desde o primeiro dia na Terra.