Estilo de vida
08/07/2021 às 06:30•3 min de leitura
O Haiti é o país mais pobre das Américas e um dos mais pobres do mundo. O seu Índice de Desenvolvimento Humano é 0,510, na métrica que vai de 0 a 1. Em 2019, o país estava em 170º lugar no ranking do IDH que avalia 189 países. Mas por que o país é tão pobre?
A história do país se mistura com a colonização, escravidão, ocupação militar, terremotos, furacões e instabilidade política. Esses fatores fizeram com que desde 1804, época da independência do país, o Haiti avançasse pouco no desenvolvimento do país e na qualidade de vida da população.
Sob domínio espanhol até 1697 e depois francês até 1804, o Haiti tornou-se a primeira república negra independente com a revolta de escravos liderada por Toussaint Louverture. O país que era chamado de a “joia das Antilhas” fornecia às colônias, com mão de obra escrava, café, cacau, tabaco, algodão e outros produtos que eram enviados para a França, antes da independência. Com a declaração da independência, acreditou-se que o país teria um brilhante recomeço, mas não foi o que ocorreu.
O restante do mundo decretou um boicote à república, pois era um modelo subversivo para a época. Sem conseguir exportar nem importar, o país se viu encurralado. Além disso, a França passou a cobrar uma dívida de indenização aos ex-donos de terras e escravos, que só foi considerada quitada em 1922 e que drenou a economia haitiana. Além disso, o país é marcado com uma sucessão de ditaduras, alternando com alguns períodos democráticos e ocupações estrangeiras.
Com a situação caótica do país, dezenas de milhares de haitianos migram para países próximos, como Equador, Peru, Bolívia e Brasil. (Fonte: Pixabay/Reprodução)
Em 1915, os Estados Unidos ocuparam militarmente o país e permaneceram até 1938. Para complementar o quadro desfavorável, o Haiti sofre com fatores climáticos. Em 2010, um terremoto devastou o país, deixando 300 mil mortos e mais 300 mil feridos, além de 1,5 milhão de pessoas desabrigadas. Dez meses depois, por causa da falta de condições de reestruturação, com moradia digna e saneamento básico, cerca de 9 mil pessoas morreram de cólera.
Atualmente, a economia do Haiti vem da agricultura e do comércio e serviço, com baixíssima industrialização. O solo que antes era fértil, hoje está empobrecido e com muitas erosões. Os principais produtos de exportação são banana, manga, milho, batata-doce e legumes em geral e grande parte da população trabalha e vive da agricultura.
Desde a Independência do Haiti, um terço dos presidentes foram assassinados, deposto ou presos. Nos últimos 70 anos, foram 23 tentativas de golpe de estado, sendo que apenas 8 fracassaram. Essas sucessivas tentativas de golpe impedem que o país se estabilize politicamente.
No dia 7 de julho de 2021, mais um presidente foi assassinado. Jovenel Moïse, foi presidente do Haiti desde 2017 até a data da sua morte. (Fonte: ONU/Reproudção)
Com a falta de continuidade de um modelo político forte, o país não prospera economicamente e nem consegue estabelecer alianças. Sem criar formas de atrair capital externo, como incentivo ao turismo ou exportação de produtos, o Produto Interno Bruto (PIB) do país não consegue manter a economia forte, ajudando a tirar o país da pobreza.
A renda per capita é um indicador que ajuda a medir o grau de desenvolvimento econômico de um país ou região. Para grau de comparação, o PIB per capita de haitiano em 2019 era de 1.272,49 USD, o PIB per capita de um brasileiro no mesmo ano era de 8.717,19 USD enquanto o de um americano era 65.297,52 USD.
A discrepância mostra o nível de pobreza que vive um haitiano. Acompanhando os números da pobreza, a população também possui números educacionais baixíssimos. Afinal, os governantes nunca fizeram qualquer esforço para educar a população ou melhorar o país por meio desse instrumento.
Em 2004, na tentativa de restaurar a ordem no país após um período de insurgência, as Organizações das Nações Unidas (ONU) criaram a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH). A missão de paz foi coordenada pelo Brasil e vigorou até 2017 e tinha o objetivo de fortalecer as instituições estatais, focando no treinamento de policiais e agentes da lei, como juízes e diplomatas.
Agora, mais um presidente foi morto e o futuro do país segue incerto. O primeiro-ministro interino garante que o exército e a polícia têm controle da situação. Mas segundo a Reuters, já é possível ouvir tiros por toda a capital após o ataque.