Saúde/bem-estar
01/08/2021 às 11:00•2 min de leitura
No final do século XVII, o Brasil se tornou o destino ideal para quem estivesse em busca de aventura e de fazer fortuna. Com a descoberta de ouro e diamante nos aluviões e contrafortes de Minas Gerais, o interior brasileiro se tornou um local tão perigoso quanto movimentado.
As províncias vizinhas de Goiás e Mato Grosso se tornaram tão ricas em ouro que, de 1700 a 1750, o carregamento do minério respondia por metade da produção mundial. Lisboa recebeu o primeiro lote em 1699, com meia tonelada, e a quantidade foi aumentando até atingir 25 toneladas em 1720. Estima-se que mais de 3 mil toneladas de ouro foram levadas à capital do império.
Segundo o historiador Tobias Monteiro, só de Minas Gerais foram despachadas para Portugal cerca de 530 toneladas de ouro até 1817, no valor de 54 milhões de libras esterlinas na época. No mesmo ano, foram contrabandeados mais 150 mil quilos do minério.
(Fonte: Brasil Escola/Reprodução)
Com a descoberta das jazidas de diamante na colônia, ficou avaliado em 3 milhões de quilates o total do minério extraído no Brasil, em meados do século XVIII e começo do século XIX. Nesse período, a população da colônia passou de 300 mil para 3 milhões de habitantes em menos de um século.
A cidade de Vila Rica chegou a se tornar a maior do Brasil, com 100 mil habitantes na época, onde havia 555 minas de ouro e diamantes que empregavam 6.662 trabalhadores, dos quais 6.493 eram escravizados. A atividade mineradora destruiu as pessoas assim como a terra, revirada e transformada em montes de cascalhos.
Para fiscalizar toda essa riqueza, uma lei de 1733 proibia a abertura de estradas, como meio de combater o contrabando, facilitando a fiscalização por parte dos funcionários portugueses. O ouro deveria ser entregue às casas autorizadas de fundição de cada distrito, em que 20% do minério em pó deveria ser reservado ao rei. Em média 18% era destinado às casas de cunhagem e o restante ficava com os garimpeiros na forma de barras marcadas.
(Fonte: Estado de Minas/Reprodução)
Apesar de a punição para os contrabandistas ser através de prisão, confisco de todos os bens e deportação para a África, as atividades ilegais dominavam boa parte do comércio da colônia. O historiador Francisco Adolfo de Varnhagen calculou que pelo menos 40% do ouro total era desviado.
Em um cenário caótico como esse, as guerras e confusões foram inevitáveis. Em meio a tantas, a mais notável foi a que ficou conhecida como Guerra dos Emboabas, em 1709, em que um grupo de paulistas foi massacrado por portugueses que iam da Bahia para o interior de Minas.
Os conflitos continuaram até que a produção das minas se esgotasse, resultando na Inconfidência Mineira de 1792.