A história do professor perseguido por educar trabalhadores em SP

31/08/2021 às 11:002 min de leitura

Nascido na França por volta de 1876, Joseph Jubert não fazia ideia do futuro que lhe aguardava quando chegou ao Brasil ainda criança. Na época, a República Velha, que durou de 1889 até 1930, ainda era marcada pelos intensos conflitos e mudanças sociais no país — o que suscitava um sentimento de insatisfação na classe trabalhadora.

Os grandes donos de terra haviam acabado de ser obrigados a substituir a mão de obra escrava pela assalariada e rebeliões estouravam por todas as partes. Apesar de não ser um nome muito lembrado pela história oficial, Jubert foi um dos grandes nomes de pessoas que lutaram pela justiça e até mesmo desafiaram autoridades por melhores condições de trabalho.

Chegada ao Brasil e envolvimento político

(Fonte: Universidade São Francisco/Reprodução)(Fonte: Universidade São Francisco/Reprodução)

Jubert chegou ao Brasil na mesma época que muitos imigrantes europeus vinham para a América do Sul para ocupar os cargos assalariados — a maioria enganada pelas reais condições de trabalho. Ao crescer vendo os abusos sofridos pelos colonos, o francês decidiu se aproximar de grupos anarquistas. Mesmo assim, nunca se considerou parte deles.

Atuando como professor e advogado, ele enfrentou seu primeiro conflito em Atibaia, no interior de São Paulo, quando contestou as condições de trabalho nas lavouras. Isso fez com que ele fosse processado pelo Judiciário local em 1907 por não possuir emprego fixo, sendo tachado de “vagabundo” com base no artigo 399.

Apesar dos registros históricos mostrarem que Joseph sempre esteve longe de qualquer ato de violência, chegou a ser chamado de “terrível anarquista”. Ao longo da sua trajetória no Brasil, ele ainda seria alvo de muita perseguição e responderia por outros processos como forma de intimidação pelas suas atividades.

Tortura e morte

(Fonte: Universidade São Francisco/Reprodução)(Fonte: Universidade São Francisco/Reprodução)

Tentando fugir de uma punição após brigar com membros da Igreja Católica por não concordar com seus ideais de educação, Jubert se viu obrigado a se mudar para Bragança Paulista. Lá, acabou fundando a Liga Operária em 1912, cujo objetivo era educar e defender os trabalhadores locais quanto aos seus direitos.

Foi preso pelo crime de calúnia e difamação após discutir com o advogado Octávio Guimarães nas páginas do jornal A Lanterna, quando já morava em Sorocaba. Nesse meio tempo, foi torturado e desenvolveu artrite pelo fato dos carcereiros molharem o chão da cela para que ele não deitasse durante a noite. 

Libertado quatro meses depois, Jubert decidiu retornar ao interior de SP, onde acabou falecendo em 1945. Apesar da sua grande história de lutas a favor dos trabalhadores brasileiros e em prol do desenvolvimento educacional do país, o professor acabou tendo o nome apagado dos livros de história e teve seu enredo desapercebido por muitos anos. 

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