Ciência
03/09/2021 às 11:27•2 min de leitura
Por mais que os artistas faleçam, como qualquer ser humano, suas obras permanecem vivas e são lembradas para sempre. O ator Sérgio Mamberti partiu na madrugada de 3 de setembro em consequência de falência múltipla dos órgãos, aos 82 anos. Por uma geração de crianças que cresceram nos anos 1990, ele será sempre lembrado como o querido Dr. Victor, da série Castelo Rá-Tim-Bum (TV Cultura, 1994-1997).
Os mais noveleiros também têm um carinho enorme por outro papel importante da carreira de Mamberti: o divertido mordomo Eugênio, de Vale Tudo (1988). Refinado, ele citava filmes antigos de Hollywood toda vez que entrava em cena — foi um dos maiores suspeitos do mistério de "quem matou Odete Roitman?" no fim da história. Mesmo sendo um personagem secundário, o carisma do ator permitiu que o público se identificasse com o mordomo e que o personagem seja lembrado até hoje.
Mas a carreira de Mamberti vai muito além do cientista feiticeiro e do mordomo cinéfilo: foram mais de 50 anos de trabalho na televisão, no teatro e no cinema.
O mordomo Eugênio, da novela Vale Tudo, é um dos papéis mais lembrados do ator. (Fonte: G1/Reprodução)
Antes de se tornar conhecido em todo o Brasil por seus trabalhos na televisão, Mamberti já era uma personalidade importante no teatro, sendo reconhecido nos prêmios Governador de São Paulo e da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).
Ele atuou em dezenas de peças desde o início dos anos 1960, tendo sido dirigido por Antônio Abujamra e pelo saudoso Paulo José, que também nos deixou recentemente. Na mesma década, fez sua estreia no cinema, atuando em clássicos como O Bandido da Luz Vermelha e Toda Nudez Será Castigada.
Sérgio Mamberti estreou no teatro e no cinema nos anos 1960. (Fonte: TV História/Reprodução)
Na TV, Mamberti teve seu primeiro papel de destaque em 1981 como Galeno na novela Brilhante. Foi sua primeira parceria com o autor Gilberto Braga, que também o presenteou com o papel do mordomo Eugênio anos depois. Entre as décadas de 1990 e 2000, o ator viveu vários senhores simpáticos, como o Dr. Victor, o Napoleão da novela Olho no Olho e Alaor em Estrela-Guia.
Mesmo com a idade avançando, Mamberti não parou de trabalhar e manteve a energia para se reinventar após décadas de carreira: ele impressionou por seu trabalho como o terrível vilão nazista Dionísio na novela Flor do Caribe. Seu trabalho é um dos pontos altos da novela que foi reprisada recentemente.
O ator ainda fez uma parceria com o escritor Walther Negrão em sua última novela, Sol Nascente, em 2016, mesmo ano de sua participação na série 3%, produzida pela Netflix. Seus últimos trabalhos foram no teatro, rendendo um Grande Prêmio da APCA em 2018. Além de suas décadas na arte, ele atuou na política, com vários cargos no Ministério da Cultura durante a gestão do Partido dos Trabalhadores (PT).
Sérgio Mamberti trabalhou no teatro até os últimos anos de vida. (Fonte: G1/Reprodução)
Sérgio Mamberti foi casado com Vivien Mahr, que faleceu jovem, mas lhe deu três filhos: Cláudio, Fabrizio e o também ator Duda Mamberti. Já viúvo, assumiu sua bissexualidade e conheceu Ednardo Torquato, com quem viveu por 37 anos até a morte deste. Com o parceiro, adotou a filha Daniele.