Ciência
12/09/2021 às 09:00•2 min de leitura
Apesar dos inúmeros cartões-postais e dos cenários históricos hospedados pela atual Roma (Itália), uma série de formações incomuns também faz parte do berço da civilização, trazendo lendas curiosas sobre hábitos dos antigos povos. Um desses exemplos que exibem a variedade cultural da cidade é o estranho Monte Testácio, colina artificial de 35 metros de altura que era um popular aterro há 2 mil anos.
Entre os séculos II a.C. e I a.C., fragmentos de cerca de 53 milhões de ânforas romanas, nas quais o azeite de oliva era armazenado, começaram a se acumular em Rione XX Testaccio, um distrito na parte sul de Roma. Segundo especialistas, esses vasos eram desperdiçados por não apresentarem propriedades de reciclagem, aparentemente devido ao acúmulo de óleo em sua superfície e à exalação de um cheiro desagradável. Assim, a formação da colina revela não somente detalhes sobre os hábitos sustentáveis da população romana, mas também informações relevantes sobre a economia da época.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Em cerca de 250 anos, o Monte dei Cocci, como também é conhecida a “montanha de entulhos”, cobriu uma área de quase 20 mil m², com um atual volume de 580.000 m³ que foi reduzindo gradativamente com o tempo. O maior lixão romano, que fica a uma curta distância da margem oriental do Tibre, foi resultado da chegada de inúmeros navios transportadores aos portos da capital, trazendo ânforas com capacidade para até 70 litros de óleo.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Esses recipientes, então, passavam por um processo de decantação e eram derramados em vasos menores e mais acessíveis para os consumidores e mercados. Assim, as ânforas originais eram quebradas e descartadas em camadas de pequenos detritos, em que eram empilhadas adequadamente para manter uma estrutura estável e, posteriormente, banhadas com calcário para neutralizar o forte cheiro emanado, evitando também o acúmulo de umidade.
Grande parte dos fragmentos de ânforas ainda tem tituli picti, inscrições pintadas ou em relevo contendo informações sobre o peso do óleo no recipiente, nomes de pessoas que manusearam o material, dados registrados e o nome da província onde os vasos foram abastecidos. Com isso, além de provar a extensão do aparato mercantil romano, especialmente o trabalho do registro e supervisão, os itens relatam um importante método de distribuição entre grupos.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Segundo as inscrições, os vasos estavam destinados a annona urbis (distribuição entre os habitantes de Roma), annona militaris (distribuição para o exército) e prefeito annonae (oficial de distribuição de alimentos), e indicavam mercadorias oriundas da Espanha, Líbia e Tunísia, que chegaram supostamente até o século III d.C., quando os cais da cidade foram transferidos para outro local e um novo modelo de ânfora foi introduzido.