Estilo de vida
11/10/2021 às 09:30•3 min de leitura
O site de comércio eletrônico Wish.com tem sido alvo de muitas críticas após anunciar alguns produtos voltados para a moda plus size, mas usando modelos magras. Nas imagens do anúncio, as modelos aparecem esticando até o rosto uma meia-calça grande, o que parece uma tentativa de evidenciar o tamanho da peça.
same energy pic.twitter.com/VEVkXp42YY
— giovanna ?? (@giparisan) October 4, 2021
Em outra foto da Wish.com — que comercializa produtos de baixo custo de fabricantes chineses diretamente para consumidores —, a modelo surge vestida com uma calcinha de tamanho superior e utiliza os braços para mostrar quão larga ela pode ser.
o anúncio fala que a modelo está vestindo a calcinha plus size
— obrigada pelo álbum kanye west (@itsmekarmarin) October 3, 2021
e as fotos são assim????????????????????????????????????????????????????????????????????////////// pic.twitter.com/ZNX850591j
No Twitter, usuários repreendem a atitude do site e criticam a empresa. Apesar de ser um exemplo à parte, não é a primeira vez que a moda é alvo de julgamento por isso. Em pleno século XXI, mulheres com manequim acima de 46 têm dificuldades em encontrar modelos que as representem e roupas que as vistam bem.
A demanda por modelos plus size fica cada vez maior. (Fonte: RF_studio/Reprodução)
Situações como essas nos fazem questionar por que o mercado da moda é tão resistente à moda plus size. A resposta que o mercado dá é com relação aos custos elevados e o consumo do tempo para desenvolver roupas de medidas tão diferentes com as quais está acostumado.
Os modelos “padrões” — do 36 ao 44 — já têm uma modelagem de corte pronta que pode ser usada para fazer vários tamanhos, mas existem dimensões que não são possíveis de serem contempladas nesse modelo, como é o caso dos números considerados plus size.
A mudança da prototipagem precisaria ser significativa para atender esse público, o que para o mercado não vale a pena.
A moda ainda é pouco inclusiva quando se trata de plus size. (Fonte: Shvets Production/Reprodução)
Há poucos modelistas no mercado que estão dispostos e sabem cortar roupas plus size. Isso porque o processo de desenvolvimento de um novo modelo e da própria produção da peça é trabalhoso.
Não basta aumentar a numeração da vestimenta para que a peça fique bem no corpo, é preciso investir em costura dupla e maior proteção entre as coxas e embaixo do braço, por exemplo. Isso significa investimento e poucas são as confecções que aceitam sair de um mercado já consolidado e criar modelagens.
Apesar de existirem confecções que disponibilizam opções plus size, elas também têm um número finito de tamanhos. Geralmente, optam por desenvolver tamanhos maiores para atender os diversos tamanhos grandes.
Ao fazer isso, as marcas podem oferecer uma variedade maior de tamanho de roupas que contemple tipos de corpos diferentes, de vários aspectos e tamanhos grandes. Mesmo assim, ainda existe uma grande limitação nesse mercado.
As confecções não querem arriscar entrar em um novo mercado. (Fonte: Shvets Production/Reprodução)
Apesar de ainda existirem exemplos como o da Wish.com, o mercado — mesmo que em passos lentos — vem mudando. Atualmente, marcas internacionais, como Torrid, Girlfriend Collective, Wray NYC e Universal Standard, têm usado modelos que representam toda a gama de tamanhos grandes. Elas também estão mais preocupadas em desenvolver roupas que se adaptam melhor a esse público.
Isso acontece porque a indústria da moda tem visto grandes oportunidades nesse meio. Há cada vez mais demanda do público plus size e poucas empresas que oferecem roupas que atendam numerações acima de 46.
Só nos Estados Unidos as roupas de tamanhos grandes representam hoje um mercado de US$ 17,5 bilhões. No Brasil, de acordo com informações da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), esse mercado registra um movimento de mais de R$ 7 bilhões. E a tendência é que esse número aumente nos próximos anos.