Ciência
31/03/2022 às 11:30•2 min de leitura
Antes de Vladimir Putin invadir a Ucrânia, no último 24 de fevereiro, ele reuniu cerca de 190 mil soldados na fronteira do país, e além de todo o risco e choque que esse movimento causou, também foi uma oportunidade para que os jornais do mundo lançassem luz sobre um grupo de 400 homens fortemente armados que não fazem parte do exército russo.
Eles são mercenários membros do Grupo Wagner, uma organização paramilitar russa que compõe o exército privado de Putin, enviados a Kiev para assassinar Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. Para as autoridades americanas, a presença desses homens não foi uma surpresa, visto que há anos a Ucrânia acusa a organização de lutar em Luhansk e Donetsk, as partes ocupadas por rebeldes no leste do país.
Só que as raízes do grupo são ainda mais profundas.
(Fonte: RFI/Reprodução)
Acursados de assassinato, tortura, estupro e execuções extrajudiciais, o Grupo Wagner ganhou destaque mundial durante a guerra em Donbas, na Ucrânia, entre 2014 e 2015, além de ter atuado nas guerras civis da Líbia, Síria, República Centro-Africana e Mali — sempre alinhados com os interesses russos e executando atividades escusas que o Exército não poderia fazer de maneira ostensiva.
Fundado por Dmitriy Valeryevich Utkin, veterano russo da Primeira e Segunda Guerra da Chechênia, em meados de 2014, o nome da organização foi cunhado em homenagem ao famoso compositor alemão Richard Wagner — o favorito de Adolf Hitler. Afinal de contas, as declarações públicas de Utkin estão impregnadas por mensagens e declarações neonazistas tanto quanto gravadas em tatuagens por seu corpo.
(Fonte: The Journal/Reprodução)
Para desempenharem bem o papel de apoio os interesses russos de política externa, acredita-se que os mercenários foram treinados em instalações do Ministério da Defesa da Rússia (MoD), reunindo cerca de 6 mil funcionários financiados por Yevgeny Prigozhin, um empresário que detém ligações pessoais com Putin, estabelecendo operações na Argentina, Hong Kong e São Petersburgo.
Exatamente por ter o objetivo de assassinar o presidente ucraniano, o Grupo Wagner carrega em suas mãos a perigosa possibilidade de mudar o rumo da atual guerra.
(Fonte: ISTOÉ Dinheiro/Reprodução)
“De uma perspectiva legal, o Grupo Wagner não existe”, disse Sorcha MacLeod, o chefe do grupo de trabalho da ONU que monitora o uso de mercenários em conflitos militares internacionais, em entrevista ao The Economist.
Isso porque, se legalmente existisse e tivesse suas alianças declaradas com Putin, seria o suficiente para que o presidente sofresse as consequências no Tribunal de Haia pelos crimes cometidos pela organização paramilitar.
(Fonte: In.gr/Reprodução)
E afinal, seus "soldados fantasma" o protegem com "negação plausível", como define uma matéria da Sky News, podendo colocar os olhos de Putin em tudo em que ele não pode se envolver diretamente, como manobras militares, extração de recursos naturais, infiltração de organizações insurgentes e assassinato em instâncias diretas, como no caso do presidente ucraniano.
Além de que todos esses benefícios vêm com um preço muito baixo para o presidente russo, por se tratar de uma organização composta por mercenários ou soldados autônomos, ou seja, mais em conta do que forças estatais.
É por isso que o Grupo Wagner também é mais capacitado do que os militares regulares, porque são bem mais treinados, sem a supervisão tradicional do governo, e não precisam prestar contas por meio de relatórios constantes divulgados às autoridades russas sobre suas atividades.