Ciência
13/04/2022 às 14:00•2 min de leitura
No dia 5 de setembro de 1946, um peculiar menino dos dentes tortos nasceu na Cidade da Pedra, na atual Tanzânia. Seu nome era Farrokh Bulsara, mais conhecido internacionalmente como Freddie Mercury — o cantor, pianista e compositor da banda britânica Queen.
Com carreira proeminente desde que se mudou para Londres com sua família em 1964, Mercury ficou conhecido por ser uma das vozes mais talentosas de sua geração e por lançar diversos hits de sucesso. Porém, mais marcantes que seu sucesso eram seus dentes. Afinal, a arcada dentária do vocalista do Queen realmente o fazia cantar melhor? Vamos entender!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Graças ao filme biográfico Bohemian Rhapsody (2018), Freddie Mercury e seus dentes voltaram a ser um assunto de muito destaque na última década. O artista nasceu com uma condição genética que o fez desenvolver quatro dentes a mais na boca, rendendo-lhe uma aparência única e tornando-se uma marca registrada do cantor.
Com isso, a boca de Mercury não estava comportando muito bem a quantidade de dentes presentes e os dentes frontais foram empurrados ainda mais para frente. O artista, inclusive, sempre esteve ciente do seu problema odontológico e podia ter feito uma cirurgia de correção a hora que quisesse, mas optou por manter tudo no lugar pois acreditava que essa era a razão do seu talento.
Na visão de Freddie, consertar os dentes teria um impacto negativo na sua voz. Mesmo assim, isso não significava que ele não sentia vergonha de seu visual peculiar. Foi então que ele decidiu cultivar outra de suas marcas históricas: o tradicional bigode que o acompanhou pelos palcos dos principais festivais do mundo todo.
(Fonte: Shutterstock)
Freddie Mercury acreditava que ter dentes extras também significava capacidade vocal extra. Mas até que ponto essa afirmação é verdadeira? Até onde sabemos, não necessariamente. Na literatura médica, são vários os relatos de pessoas que nasceram com dentes extras ou de tamanhos anormais, mas nenhum outro registro de que uma delas tenha se tornado um astro do rock.
O grande responsável pela capacidade vocal de Mercury era a sua habilidade de usar as chamadas "falsas cordas vocais" para compor o seu canto. Embora o artista acreditasse que seus dentes possuíam grande influência, algumas pesquisas sugerem que ele simplesmente sabia coordenar suas cordas vocais melhor do que nós.
Quando Freddie fazia seus shows, ele conseguia recrutar essa parte "falsa" da sua laringe, também conhecida como "pregas vestibulares", para alcançar determinados tons crescentes em estrofes específicas — o que criava sua voz extremamente peculiar e chamativa.
(Fonte: Shutterstock)
Se não era a arcada dentária que fazia Freddie Mercury ser tão bom, isso significa que os dentes não têm nenhum tipo de influência no canto? As coisas também não são tão simples assim. Apesar de não ter o mesmo impacto do que as cordas vocais, a estrutura da nossa boca também pode moldar a forma como falamos e fazemos música.
Por exemplo, uma pessoa que acabar perdendo os dentes da frente terá maior dificuldade para reproduzir as palavras de uma letra musical e será completamente afetada. Ao mesmo tempo, alguns dentes de trás e até mesmo os caninos possuem menor impacto em relação à dicção.
Há de se considerar que o tamanho da boca também pode ajudar no alcance vocal, o que faz com que uma pessoa tenha voz maior. Com quatro dentes a mais na boca, esse era um fator que realmente ajudava Freddie em determinada proporção. Mesmo assim, esse tipo de vantagem também pode ser alcançado com técnica e prática corretas — ao contrário do uso das "falsas cordas vocais".