Ciência
21/06/2022 às 10:11•3 min de leitura
Uma das famílias mais amadas da ficção é bem soturna. E ela já tem 90 anos: foi em 1932 que a Família Addams foi desenhada pela primeira vez pelo cartunista Charles Addams, que, cinco anos depois, vendeu sua primeira tirinha sobre o clã para a revista The New Yorker.
Sucesso desde então, os Addams foram retratados em filmes, em quadrinhos, no teatro, em produtos e em séries. A proposta cômica dos personagens é funcionar como uma espécie de sátira às famílias americanas "ideais", cultuando valores sombrios que não condizem com a forma que os norte-americanos costumam se enxergar.
Neste texto, contamos a fantástica história desta família e sua contribuição à cultura pop.
(Fonte: Pharsmedia)
A Família Addams nasceu da imaginação de Charles Addams, um sujeito nascido em Nova Jersey em 1912. Filho de pais amorosos e dedicados, Addams era uma criança que adorava fazer uma boa piada e pregar peças. E, ao longo de seu desenvolvimento, criou um apreço por tudo o que era macabro.
No ensino médio, Charles Addams começou a se envolver cada vez mais com a ilustração. Logo, passou a vender seus desenhos para revistas importantes, como a The New Yorker. Isso lhe fez construir uma carreira glamourosa e uma vida cercada de pessoas importantes - só de curiosidade, ele chegou a ter um namorico com Jackie Kennedy.
Charles Addams desenhou vários personagens, mas foi a família que leva o seu sobrenome que o levou à glória. Os Addams sempre foram retratados como muito amorosos e acolhedores, embora sempre macabros. Os 6 membros principais — Morticia, Gomez, Vandinha, Feioso, Tio Chico, Mãozinha, Primo It - se tornaram queridos pelos americanos e logo pularam para a TV.
(Fonte: Cinematheque)
Em 1964, os Addams estrearam como seriado de televisão na ABC, dando um salto na popularidade da família. Ainda que eles já existissem desde 1932, o programa foi uma resposta da emissora a outra série, The Munsters, da CBS, que também apostava na exibição de uma família assustadora.
Na TV, os Addams se tornaram menos sombrios que nos quadrinhos, mas também mais malucos. E o mais curioso: eles se tornaram mais "bonitos" que sua versão desenhada. Estas mudanças deixaram Charles Addams insatisfeito — tanto que dizem que ele nem assistiu à série — mas também bem mais rico.
Além disso, os Addams foram retratados sob forma de animação. Em 1973, uma série sobre eles foi feita pelo famoso estúdio Hanna-Barbera, e em 1992 foi feito um novo desenho, que chegou a passar no Brasil no SBT.
Em 1991, eles chegariam ao cinema com o filme A Família Addams, dirigido por Barry Sonnenfeld, que traria a cara mais popular do clã. Nele, os apaixonados Morticia e Gomez são interpretados por Anjelica Houston e Raul Julia, Christopher Lloyd vive o tio Fester e Christina Ricci cria uma icônica Vandinha. O filme teve uma sequência em 1993, realizada pelo mesmo diretor.
(Fonte: Guia da Semana)
Muita gente fascinada por essa família tenta entender o que os personagens têm de tão interessante. E há algumas respostas. Uma delas é que os Addams foram construídos como uma espécie de oposto ao chamado "sonho americano", que compreenderia um conjunto de valores que seriam inerentes à cultura americana, como a busca pela liberdade e pela prosperidade a partir do esforço individual.
Assim, os Addams traziam alguma subversão aos modelos americanos de sucesso - tanto familiar quanto profissional. Há alguns elementos importantes que aparecem nas histórias e que deixam isso claro. Para começar, a dinâmica entre o pai e a mãe, Gomez e Morticia. Extremamente apaixonados, eles deixavam claro que tinham uma vida sexual bem ativa — o que, de alguma forma, era o exato oposto de como as figuras dos pais nos lares americanos.
Os filhos, por outro lado, eram obedientes aos pais, mas brincavam com instrumentos de tortura medievais. Não sabemos qual a profissão do pai, ou mesmo se ele trabalha, tirando o foco do progenitor como centro da família.
Os macabros Addams, na verdade, têm poucos conflitos entre si - os desconfortos aparecem em relação ao mundo externo, que os olha com estranhamento. Mas a graça da Família Addams é justamente essa: eles não se acham esquisitos. São felizes em seu jeito mórbido de ser.