Saúde/bem-estar
13/05/2022 às 13:00•2 min de leitura
Quando a primeira-dama Jacqueline Kennedy, mais conhecida como "Jackie", concordou em acompanhar seu marido John F. Kennedy em uma viagem a Dallas, no Texas (EUA), ela mal havia se recuperado do luto profundo da morte de seu filho prematuro Patrick Bouvier Kennedy, que nasceu em 9 de agosto daquele 1963, e sucumbiu à síndrome do desconforto respiratório (então chamada doença da membrana hialina).
No entanto, ainda que em dor e tentando manter distância das questões políticas que norteavam a família, Jackie entendeu que o outono daquele ano era um período importante para Kennedy, que se preparava com seus conselheiros políticos para a próxima campanha presidencial.
Com aquela viagem, Kennedy tinha o objetivo de sondar temas, como educação, segurança nacional e paz mundial, para sua campanha de reeleição em 1964, apesar de ainda não ter anunciado oficialmente sua recandidatura.
Mas não houve tempo, de qualquer forma.
(Fonte: Town and Country Magazine/Reprodução)
Naquela época e até então, não houve uma primeira-dama considerada mais icônica e visualmente revolucionária do que Jackie Kennedy. Ela foi a responsável por determinar como era a elegância contemporânea americana, parecendo sempre discreta, mas nunca chata, sabendo inventar e reinventar a moda do primeiro acessório no topo de sua cabeça até seus pés.
Seu estilo lançou marcas de roupas, impulsionou carreiras de estilistas, transbordou da alta sociedade para o mainstream, e estabeleceu como a realeza americana soaria se existisse. Não é para menos que grifes a batizaram com suas peças, como fez a Gucci com a bolsa de mão de 1961, hoje intitulada "Jackie", vista em companhia da primeira-dama dos EUA em centenas de fotos pela mídia.
(Fonte: The Limited Times/Reprodução)
Portanto, naquele fatídico 22 de novembro de 1963, ela decidiu eternizar ainda mais sua aparição ao vestir uma réplica de um conjunto rosa da Chanel desenhado exclusivamente para ela, feito em tecido boucle, com lapela azul-marinho e botões dourados. Jackie também combinou a saia com um chapéu rosa, luvas brancas e um colar de pérolas.
Às 12h30, ao lado de Kennedy na limusine Lincoln Continental, Jackie fazia a carreata presidencial pelo Dealey Plaza, a caminho de um discurso, quando seu marido foi tragicamente baleado. O primeiro tiro o atingiu nas costas e saiu pela garganta, e o outro rasgou a cabeça dele, espirrando sangue no tecido rosa da roupa de Jackie.
(Fonte: The Cut/Reprodução)
A primeira-dama ficou encharcada de sangue enquanto tentava socorrer Kennedy, se mantendo agarrada à cabeça mutilada dele durante todo o caminho até o Parkland Memorial Hospital.
Eles foram separados apenas enquanto os médicos tentavam salvar o então presidente. Ensanguentada, Jackie se ajoelhou no chão do hospital e chorou e rezou até que a morte de John F. Kennedy fosse oficialmente comunicada, às 13h daquele dia.
Durante toda a viagem para Washington, a mulher se recusou a se limpar ou a tirar a roupa cheia de sangue. Sua resposta aos seus assessores teria sido: “Deixe que eles vejam o que fizeram”. O ato de Jackie criou uma mensagem e imagem poderosa e devastadora para o mundo, refletindo seu trauma pessoal.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Jackie só removeu a roupa suja de sangue quando o corpo de Kennedy terminou de ser preparado e colocado em um caixão na Sala Leste da Casa Branca. Chocada com o estado das roupas, a empregada de Jackie colocou tudo em uma sacola que, meses depois, foi enviada para o Arquivo Nacional.
Em 2003, Caroline Kennedy doou as roupas de sua mãe como patrimônio histórico, mas sob a cláusula de que elas não seriam exibidas publicamente até 2103, devido à memória dolorosa e de horror que destruiu a família mais influente da política moderna, mudando a história dos EUA.
Tudo permanece preservado em um ambiente controlado para não sofrer com a ação do tempo.