Saúde/bem-estar
29/07/2022 às 11:00•2 min de leitura
Se você acessou suas redes sociais recentemente, ou acompanhou algum site de notícias e de fofocas, deve ter notado o barulho que a cantora Anitta causou ao declarar seu apoio ao ex-presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.
Desde então, a artista se viu no centro de um debate de proporções gigantescas. Teve até repercussão internacional, com o jornal mexicano 24 Horas | El Diario sin Límites dando ênfase à influência da cantora nas redes sociais junto aos seus milhões de seguidores. O The Washington Post (EUA) também comentou o posicionamento, destacando a polarização política no Brasil e reforçando a importância da comunicação com a juventude.
A partir deste momento eu sou Lulalá primeiro turno. E lutarei por uma novidade na politica presidencial brasileira nas próximas eleições.
— Anitta (@Anitta) July 11, 2022
Embora o endosso claro de celebridades e influenciadores possam motivar seus fãs a agir, será que o envolvimento deles influencia mesmo na direção do voto dos eleitores?
Desde a década de 1990, estrelas de cinema, cantores pop e celebridades em geral têm ampliado seu envolvimento no cenário eleitoral e político mundial. Agora, com as redes sociais, esses famosos tornam sua mensagem ainda mais direta e personalizada.
Especialistas em comportamento humano e digital, que estudam a influência das celebridades nas nossas decisões pessoais, parecem concordar que embora a maioria das pessoas não resolva em quem votar baseado no posicionamento político do artista, isso pode promover mais conversas sobre votação e política em geral.
Vale observar que boa parte das celebridades atuais promovem algum tipo de relacionamento com seus fãs, fazendo com que se sintam conectados emocionalmente com eles por meio do conteúdo que compartilham ou produzem. Psicologicamente, esses fãs podem se sentir mais confortáveis e até impelidos a fazer o mesmo que seu ídolo está fazendo.
(Fonte: William Lovelace/Hulton Archive)
Para entender como um famoso pode influenciar o modo de agir e pensar dos seus fãs, precisamos recorrer ao chamado relacionamento parassocial. Esse termo se refere a uma conexão unilateral entre um usuário de mídia com uma persona de mídia.
Os usuários podem criar relacionamentos parassociais com celebridades, personagens fictícios, influenciadores de mídias sociais, personagens animados e qualquer outra figura que encontre na mídia que estão habituados a usar, incluindo filmes, podcasts e até as próprias redes sociais.
Estudos sobre esse tipo de relacionamento destacam que tudo começa na formação do laço de amizade entre o usuário e sua pessoa midiática favorita. Embora seja algo saudável em boa parte dos casos, os usuários também podem formar relacionamentos parassociais negativos, como hater e stalkers, e até românticos.
Essas pesquisas também demonstram que pessoas mais jovens são mais susceptíveis a formar tais relacionamentos, por isso, podem se sentir mais à vontade em se envolver no discurso político de sua celebridade e a pressionar para que seus pares façam o mesmo.
Um dos casos mais conhecidos que comprovam a influência de celebridades nas eleições envolveu a cantora norte-americana Taylor Swift, em 2018. Na época, ela declarou seu apoio aos candidatos democratas do Tennessee para a Câmara dos Deputados e para o Senado dos EUA.
Como resultado, mais de 160.000 pessoas se registraram para votar no espaço de 48 horas depois de sua postagem. Em apenas 24 horas, foram 65 mil registros.
É indiscutível o poder de influência que uma celebridade com milhões de seguidores em suas plataformas de mídias sociais tem.
E, aqui, surge um alerta importante: quem tem milhões de seguidores precisa ter certeza do que está fazendo, especialmente no que diz respeito a confiabilidade das informações que está passando para seu público.