Estilo de vida
12/09/2022 às 09:29•3 min de leitura
Com o falecimento da rainha Elizabeth anunciado na última semana, seu herdeiro, Charles, foi oficializado como o próximo líder da monarquia. Sob o título de rei Carlos III, o membro da realeza dará sequência a uma longa era de sucessões, polêmicas e feitos notáveis, a fim de preservar o maior legado do trono britânico. Conheça abaixo um pouco mais das figuras reais por trás do título e descubra como essa história secular foi construída com o passar do tempo.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Sucessor de Jaime VI como rei da Inglaterra e rei da Escócia em 1625, Carlos I foi o pivô da Guerra Civil Inglesa após uma série de decisões ruins envolvendo a manutenção do Parlamento. Em seu reinado, o nobre tornou-se conhecido em todos os setores sociais por "trair" as convicções de seu povo, ofendendo camadas influentes e com um grande poder para alterar significativamente a opinião das massas.
No primeiro ano de seu reinado, Carlos I casou-se com a católica Henrietta Maria e foi acusado de importunar grupos de protestantes, especialmente após exigir deferência aos líderes da igreja. Isolado politicamente, ele chegou a confrontar membros do Parlamento e a dissolver a instituição três vezes, gerando instabilidade no poder decisório da nação e utilizando a consulta das autoridades apenas para questões sobre gastos com guerra.
O rei acreditou estar acima de Deus e rapidamente perdeu o apoio dos poucos que ainda restavam. Acusado de "tirano, traidor, assassino e inimigo público", o filho de Jaime VI foi preso e condenado à morte. Na manhã de 30 de janeiro de 1649, em uma “rua aberta diante de Whitehall”, ele foi decapitado e teve sua cabeça erguida diante de muitos espectadores. Uma semana depois, a monarquia foi oficialmente abolida.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Com a infância destruída por conta da Guerra Civil, Carlos II estava entregue às dívidas e aos favores, até que retornou a Londres triunfante como rei, em uma época repleta de festividades e alegria devido ao fim do republicanismo de Cromwell e da Commonwealth. Aclamado publicamente, o novo monarca tornou-se uma figura conhecida por seu charme e astúcia, mas crises com sua esposa, Catarina de Bragança, e com a amante, Barbara Villiers, movimentaria frequentemente os ânimos na corte.
Os protestantes puritanos ainda possuíam grande influência na Europa e geraram inúmeras crises contra grupos de católicos, arruinando a igreja inglesa por meio de tensões semelhantes. Permanecendo em cima do muro e sem afirmar apoio dedicado a algum dos lados, o rei conseguiu relativizar a paz, mas sempre mantendo uma certa desconfiança, especialmente pela possível posse de seu irmão católico como sucessor do trono.
Na época, a Inglaterra presenciou avanços em seus setores econômicos, científicos e comerciais, mas viu a Grande Peste, o Grande Incêndio de Londres e a Segunda Guerra Anglo-Holandesa afetarem significativamente o moral das pessoas. Carlos II conseguiu escapar ileso de todas as tragédias e até fechou um acordo de aliança formal com a Holanda e Suécia, fundando também o Observatório Real ao lado do astrônomo francês Sieur de St. Pierre.
James, irmão de Carlos II, afirmou seu catolicismo e forçou o rei a apoiá-lo. Com isso, deu-se início a uma conspiração "papista", onde o Parlamento iniciou uma campanha para cortar James da sucessão, já que o monarca não possuía filhos. Carlos II decidiu dissolver a instituição e passou os últimos anos de seu reinado acertando contas. Em seu leito de morte, ele cedeu à fé católica e faleceu, em 6 de fevereiro de 1685.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Charles Edward Stuart foi um infame nobre que juntou um exército de 6 mil escoceses após estabelecer um tribunal em sua terra natal. Decidido a partir em direção a Inglaterra e tomar o trono, seus homens sucumbiram em uma das batalhas mais importantes do Reino Unido: Culloden. Reprimido por sua derrota durante as décadas seguintes e longe de seu país, o "predestinado" se disfarçou de empregada doméstica e conseguiu fugir de volta para a Escócia, mas a mancha em sua imagem nunca foi removida.
Ele passou anos exilado na França e na Itália e se autonomeou rei Carlos III após a morte de seu pai, filho legítimo de Carlos I. Porém, para sua infelicidade, ninguém o reconheceu como monarca — tanto o Papa quanto os reis europeus — e acabou morrendo em 1788 como um fingido detentor do trono. Agora, séculos depois, o príncipe Charles assume o título do polêmico líder escocês para dar sequência à longa ancestralidade, iniciando uma nova história para apagar o trágico passado referente ao nome "Carlos".