Ciência
19/09/2022 às 10:00•2 min de leitura
Na manhã do dia 7 de setembro, funcionários do Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes abriram uma cápsula do tempo armazenada em concreto nas paredes da Escola Estadual Sud Menucci, em Piracicaba, São Paulo. O material, mantido guardado por cerca de 100 anos, foi mantido como parte da celebração do Dia da Independência em 1922 e revelou hábitos de vida curiosos sobre as pessoas da época.
O evento contou com a presença de responsáveis da escola, autoridades locais e historiadores e apresentou fotos, livros, jornais, manuscritos, cartas e uma curiosa receita de remédio. Após a abertura, foi necessário levar a cápsula para o laboratório da instituição, onde procedimentos de segurança seriam aplicados para garantir que os documentos não sofressem danos ou contaminassem pessoas próximas.
(Fonte: g1 / Reprodução)
“Houve salas responsáveis por entrevistas com ex-alunos, com ex-diretores, com ex-professores. Houve salas fazendo o mascote da cápsula e fazendo um concurso, o logo. E muitas atividades de exposição de fotos, de revisão, de conhecimento mesmo sobre a escola, sobre a história da escola e pensando também: o que foi 1922?”, conta a diretora da escola, Márcia Aparecida Vieira.
(Fonte: g1 / Reprodução)
No total, mais de 100 itens foram identificados pelos examinadores, após mais de três horas para romper cerca de oito centímetros de concreto e tijolos que protegiam o material. Além disso, o produto passou seis dias em quarentena — com cortinas fechadas e pouca luz —, pois havia risco do calor desgatar os documentos já fragilizados pela umidade relativa.
Um dos documentos mais curiosos armazenado na cápsula foi deixado por Honorato Faustino, idealizador original do projeto. O registro consistia em uma receita antiestresse, onde ingredientes como brumoreto de sódio, água de flor de laranjeira e água de tilia teriam aplicações de calmante no organismo humano. Outros arquivos evidenciaram boletins, trabalhos escolares, fotos de professores e alunos de educação física e muito mais.
(Fonte: g1 / Reprodução)
As imagens também mostram como ocorria a divisão por gênero em Sud Menucci. A rotina escolar garantia que meninos frequentassem aulas de ginástica separadamente — usando terno e o conjunto completo da vestimenta —, enquanto meninas e professores se dirigiam ao laboratório de química. Curiosamente, havia uma espécie de muro que dividia as salas e impedia o contato entre os grupos opostos.
(Fonte: g1 / Reprodução)
Enquanto isso, os ex-alunos Carlos Alberto Lordello e Luiz Roberto Lordello encontraram uma carta de seu avô, Bento Lordello. O formando de 1922 escreveu um texto de quase 12 páginas enviando um "saudoso abraço de paulista irmão" ao professor de história de 2022 e desejando "um longo viver para poder contribuir com a luz da sua inteligência para o engrandecimento, para o progresso e para a honra da pátria".
(Fonte: g1 / Reprodução)
As autoridades locais levarão os documentos da cápsula para uma exposição pública, com data de início a ser iniciada em breve. Além disso, eles anunciaram que uma nova cápsula do tempo será aberta em 2067, contendo peças de artesanato, mensagens de alunos, trabalhos de escola e "documentos, revistas e jornais, livros e outros objetos que marcam a atualidade". “Um povo sem história é um povo sem memória”, conclui Matheus Erler, presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba.