Rambu Solo: o fascinante ritual fúnebre da tribo Toraja

15/10/2022 às 11:002 min de leitura

Já parou para pensar no que vai acontecer com você quando chegar ao fim de sua vida? Enquanto grande parte da cultura ocidental ainda sofre com questionamentos sobre a possibilidade de existir ou não vida após a morte, muitos povos asiáticos parecem estar em paz com a questão, acreditando piamente na existência do além.

É este o caso dos Toraja, uma tribo da Indonésia que pratica um fascinante ritual, que pode durar anos, e honra ao corpo dos mortos dentro de suas casas.

(Fonte: Agung Parameswara/Getty Images)(Fonte: Agung Parameswara/Getty Images)

O curioso ritual fúnebre dos Toraja

Naturais da região sul das Celebes, na Indonésia, os Toraja são um povo de origem indígena que compartilha o cotidiano com parentes mortos dentro de casa. Ainda que hoje em dia uma boa parcela da população seja cristã ou muçulmana, sua cultura ainda tem fortes raízes no animismo, uma crença que afirma que animais, plantas e até mesmo objetos inanimados têm seus próprios espíritos.

Geralmente distribuído em pequenas vilas, este povo mantém vivos costumes antigos até os dias atuais como, por exemplo, o carinho e cuidado que têm por seus amigos e familiares falecidos. Por mais que estas pessoas estejam mortas, os Toraja não as enxergam desta maneira: na verdade, para eles a situação é encarada muito mais como uma doença do que como o fim da vida.

Por isso, esses corpos são chamados de to’makula, que significa "doente", na língua nativa. Assim, é comum a este povo manter seus mortos dentro de casa, compartilhando com eles o seu dia a dia.

Tratando dos to’makula

Os Toraja tratam seus mortos como se estivessem apenas doentes até poderem ser finalmente enterrados. (Fonte: RaiyaniM/Wikimedia Commons)Os Toraja tratam seus mortos como se estivessem apenas doentes até poderem ser finalmente enterrados. (Fonte: RaiyaniM/Wikimedia Commons)

Os to’makula recebem diariamente novas mudas de roupa, alimentos e água até que recebam um funeral propriamente dito. No entanto, isto pode levar semanas, meses ou até anos para acontecer, período em que os entes queridos seguem sendo tratados não como falecidos, mas como enfermos - porque eles não estão mortos, estão to’makula (doentes).

Este longo período acontece porque funerais são encarados como verdadeiros eventos e, consequentemente, podem acabar sendo extremamente caros. Assim, os mortos destas tribos podem levar um bom tempo até poderem receber um funeral.

Embora nos possa parecer algo surreal, cuidar do corpo de familiares dentro de casa por períodos que podem se estender por vários anos é algo mais do que normal para o povo Toraja. Durante este período, é muito comum que familiares leiam versos da bíblia para os to’makula enquanto preservam seus corpos com soluções de formaldeído e água.

Alto custo

Pode levar anos até que os corpos possam ser finalmente enterrados em suas tumbas. (Fonte: Wikimedia Commons)Pode levar anos até que os corpos possam ser finalmente enterrados em suas tumbas. (Fonte: Wikimedia Commons)

Por ser um grande evento e até mesmo uma demonstração de status, muitos Toraja acabam se endividando para dar à família um funeral caprichado, com custos de 100 milhões de rúpias indianas – cerca de R$ 34 mil. Uma vez que consigam juntar um valor considerável, os demais familiares são avisados do funeral e são iniciadas as preparações para o enterro.  

O Rambu Solo, título do ritual funeral Toraja, geralmente ocorre durante os meses de agosto e setembro, e toda a vila é convidada para participar de várias atividades. Enquanto os mortos aguardam o momento de serem enterrados, seus parentes, amigos e vizinhos dançam, cantam e oram. As atividades também envolvem o sacrifício de búfalos, rinhas de galos, entre outros.

A festança pode levar apenas alguns dias ou até mesmo durar várias semanas. Tudo depende do status social e da importância da pessoa morta para a comunidade. Quando a comemoração acaba, os to’makula podem finalmente descansar em suas tumbas — pelo menos até serem desenterrados. Em intervalos de até três anos, seus parentes realizam uma limpeza da tumba e do corpo em um ritual conhecido como ma'nene.

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