Ciência
01/11/2022 às 04:00•2 min de leitura
As ordens medicantes são ordens religiosas católicas formadas por padres e freiras que concentram suas ações no serviço aos pobres e às obras de caridade. Elas começaram a surgir no século XIII, com o aumento das concentrações de pessoas nas cidades.
Os membros das ordens medicantes buscam reproduzir o que acreditam ter sido o modo que Jesus Cristo viveu na terra: eles fazem um voto de pobreza, sinalizando um grande contraste com a riqueza da Igreja Católica na época em que estas ordens surgiram. Por isso, estes religiosos abdicavam de todos os seus bens e comprometiam-se com a humildade como meio de vida.
(Fonte: Cleofas)
Durante a chamada Baixa Idade Média, a Europa passava um período de transição entre o feudalismo rural e a urbanização, com uma acentuação cada vez maior da desigualdade social e o aumento da pobreza.
Os historiadores consideram que isto foi o que levou ao surgimento das ordens medicantes dentro da Igreja Católica. As mais conhecidas delas são a ordem franciscana (que seguem os princípios de São Francisco) e a dominicana (fundada por São Domingos de Gusmão). Seus membros pregavam que a igreja não deveria se isolar dos problemas do mundo, e sim enfrentá-los.
"Esses frades responderam às novas necessidades de vida cívica que surgiam. Passaram a frequentar, principalmente, as cidades e atuar de forte modo nas universidades. Não é por acaso que a maioria dos teólogos deste período eram frades de ordens mendicantes, como é o caso de São Tomás de Aquino, dominicano, e São Boaventura, franciscano", explicou para a BBC o historiador Alex Catharino.
(Fonte: Franciscanos)
Estes frades e freiras viviam de esmolas e não eram vinculados a paróquias, o que significa que eram livres para circular fora da igreja e pregar o evangelho nas ruas. Eles também ouviam confissões e desempenhavam outras funções dos ritos católicos.
Logo as ordens mendicantes se tornaram muito populares, e inspiraram outros movimentos religiosos. Seus membros esclareciam que havia a necessidade de reformas na Igreja Católica, o que também provocava alguns conflitos com a alta cúpula do catolicismo, tornando-se um problema para o papado.
Por conta disso, as ordens chegaram a ser banidas, mas continuavam se multiplicando e espalhando as críticas à riqueza da Igreja Católica, o que enfraquecia o poder papal. Por conta disso, a igreja começou a tomar atitudes que impedissem a dissidência dos religiosos, que passaram a ser chamadas de heréticas.
A parte talvez mais polêmica é que haviam as ordens medicantes que faziam voto de pobreza (como os franciscanos), mas também outras mais radicais, como os cátaros, que rejeitavam e negavam o material.
O historiador Alex Catharino ainda explicou o que unificava estas ordens: "elas têm em comum a adoção de uma vida mista, que une a vida contemplativa e vida ativa. Além da contemplação adotada pelos monges, esses frades também abraçavam a vida antes adotada por outros religiosos seculares, militares e hospitalares". E conclui: "esses frades adotavam ainda, além dos votos de obediência e castidade, o voto de pobreza, rejeitando para si a aquisição e acumulação de propriedades, abraçando a vida comunitária e vivendo de doações".