Ciência
29/11/2022 às 10:00•3 min de leitura
Em toda a humanidade, rituais desempenham um papel bastante importante, tenham eles fundo religioso ou não. Diferentes fases da vida envolvem a execução destes rituais, que podem marcar a passagem à vida adulta, ou simplesmente tornar um relacionamento público.
Acontece que acabamos conhecendo mais os rituais praticados em nosso país, ou em países do Ocidente como um todo, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Isso significa que existe um filão enorme de antigos e tradicionais rituais em várias regiões do mundo que nos são completamente desconhecidos.
Por esta razão, elaboramos uma lista com uma seleção caprichada de rituais que você nunca ouviu falar. Confira.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Hieros gamos, também conhecido como "casamento sagrado", é um ritual cuja origem está na Babilônia, no centro-sul da Mesopotâmia, atual Iraque. Para os babilônios, o ritual significava que os humanos tomavam o lugar dos deuses da fertilidade para reencenar o casamento entre Tamuz e Inana. O objetivo era garantir a fecundidade da terra, garantindo a prosperidade.
Durante a reconstituição, a mulher que tomava o papel de Inana tinha relações sexuais com o rei, ou com sacerdote da cidade. Apesar do "casamento" no nome, ele não tem nada a ver com a união tradicional, que inclusive era praticada pelos babilônios. E, ao que tudo indica, não havia ciúme, pois se acreditava no poder de prosperidade do hieros gamos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Utagaki é um antigo ritual xintoísta japonês. Nele, os moradores das aldeias iam até o topo das montanhas para interagir socialmente uns com os outros de diferentes maneiras. Era um momento em que eles cantavam, dançavam, comiam e, preste atenção, mantinham relações sexuais livremente em oferendas aos deuses locais.
Sim, os xintoístas acreditavam que esse ritual específico seria capaz de trazer bençãos dos deuses, garantindo fertilidade às mulheres e virilidade aos homens. Para não parecer que se tratava apenas de desculpa para fazer sexo, nas épocas de outono e primavera, os aldeões também recitavam poesia para celebrar as novas estações.
Quando um governo budista suplantou as lideranças xintoístas, os rituais foram proibidos. Após a Segunda Guerra Mundial, quando o imperador Hirohito decretou liberdade religiosa aos japoneses, a tradição voltou a ser praticada em certas áreas do Japão, mas sem as partes sexualizadas.
(Fonte: Mexicolore/Reprodução)
Entre os muitos rituais praticados pela civilização Maia, o de sangria é dos mais conhecidos. Seu objetivo era permitir que eles falassem com os deuses. Em geral, os rituais de sangria envolviam a perfuração de uma parte específica do corpo para ser oferecida aos deuses.
Escolhida a parte, era feita uma punção, recolhido o sangue e, posteriormente, queimado como oferenda. As datas mais comuns para realização das sangrias eram as comemorativas, especialmente o início e o fim de cada ciclo do calendário, ou na coroação de um novo rei, início e fim de uma guerra e nascimento, morte ou casamento de reis e rainhas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Rituais de necromancia, isto é, estabelecer contato com os mortos para prever o futuro, tem origem no Norte da Europa, durante o século XIX, mas ainda é praticada em partes da Europa, América do Sul, Estados Unidos e Austrália.
Há quem defenda que qualquer ritual que envolva contato com mortos, independente da religião, seja chamado de necromancia, que é um termo derivado da junção de duas palavras gregas: "nekrós", que significa cadáver, e "manteína", que significa profecia.
É um ritual geralmente conduzido por mulheres, feito à noite, em que animais são sacrificados (ou objetos de valor são oferecidos). Também envolve o consumo do animal da oferenda, cantoria e transe.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Egungun é termo africano que designa espíritos de pessoas mortas consideradas importantes. Ele se relaciona a um ritual que integra a mitologia iorubá, é exclusivo de homens, restrito, em que se cultuam os mortos, para retornarem à terra e compartilhem seus conhecimentos.
No Brasil, foi implantado no início do século XIX, vindo com os escravizados de Oió, capital do império Nagô.