Ciência
29/12/2022 às 09:30•4 min de leitura
No início do mês de dezembro, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi escolhido como a "Pessoa do Ano" da aclamada revista americana Time. A premiação indica e seleciona as pessoas mais influentes do ano em variadas categorias, além da principal, vencida pelo líder ucraniano. Ao publicar o resultado, os editores da revista disseram que Zelensky "inspirou os cidadãos de seu país", e ganhou elogios ao redor do mundo por sua bravura e determinação em resistir à invasão da Rússia.
Além de presidente, Volodymyr Zelensky também é ator, comediante, produtor e escritor. Coincidência ou não, antes de se tornar o principal líder da Ucrânia, Zelensky havida atuado em uma série em que interpretou um professor azarado que se tornava presidente do país por acidente. É a vida imitando a arte.
(Fonte: Time/Reprodução)
Mas, o que significa o presidente ter se tornado a "Pessoa do Ano" segundo a revista? "Ganha o título a pessoa, ou as pessoas, que mais afetaram as notícias e as nossas vidas, para o bem ou para o mal", explicou o ex-editor administrativo da Time, Walter Isaacson, na edição da revista de 1998.
Isso significa que o ganhador da qualificação não é necessariamente um herói. Adolf Hitler, por exemplo, foi escolhido como a "Pessoa do Ano" em 1938. Já Joseph Stalin ganhou o título duas vezes. Bem, sabemos que não foi porque eles eram pessoas particularmente boas.
Quer saber mais curiosidades sobre o título da revista? Continue a leitura!
(Fonte: Time/Reprodução)
A história da origem do título — mais uma lenda — é bem interessante. No final de 1928, mais precisamente ao longo da última semana do ano, os editores da Time lutaram para encontrar alguém sobre quem escrever durante um período de poucas notícias. Dessa forma, decidiram falar sobre uma pessoa que havia sido muito influente no ano anterior e, curiosamente, ainda não tinha sido capa da revista — era o caso de Charles Lindbergh, piloto que havia sobrevoado o atlântico em 33 horas e 39 minutos, um voo histórico realizado em maio de 1927.
Ao perceberem o erro do esquecimento do piloto, os editores decidiram que poderiam se safar colocando-o como capa meses depois, chamando Lindbergh de "Homem do Ano". Dessa forma, encobriram o deslize da ausência de cobertura do caso, e acharam uma matéria para finalizar o ano de poucas notícias. Já dizia a expressão popular, conseguiram "matar dois coelhos em uma cajada só".
Após Lindbergh, uma tradição nasceu. A revista seguiu indicando os "Homens do Ano" até 1937, quando Wallis Simpson — socialite norte-americana que se casou com o Rei Eduardo VIII, que abdicou do trono e se tornou Duque de Windsor para consumar o casamento — se tornou a 1ª "Mulher do Ano" capa da revista. Em 1999, a Time escolheu o cientista Albert Einstein como a "Pessoa do Século", tornando, assim, o título neutro. A partir de então, homens e mulheres poderiam ser "Pessoa do Ano", segundo a revista.
(Fonte: Time/Reprodução)
Mesmo dentro da redação da revista, pouquíssimas pessoas sabem quem será a "Pessoa do Ano". O anúncio é feito publicamente antes que a edição vá para as impressoras, para garantir que nenhum vazamento estrague a surpresa.
Entretanto, enquanto os editores da Time tomam a decisão final sobre quem será o ganhador do título, a revista também convida os leitores para avaliarem quem eles acham que irá ser a tão esperada capa do final do ano. A enquete online é uma maneira valiosa de descobrir quem a internet acha que mais afetou suas vidas no período de 365 dias. Nos primeiros anos, antes do surgimento da web, os leitores eram convidados a opinar pelo correio, com suas sugestões preenchendo a página de "Cartas ao Editor" nas semanas anteriores ao anúncio oficial.
(Fonte: Bettmann/Getty Images)
Geralmente, os editores da Time selecionam uma personalidade viva como "Pessoa do Ano", mas isso é apenas uma tradição, e não uma regra. No decorrer dos anos, especialmente quando mortes notáveis abalaram o mundo, os leitores da revista argumentaram que a tradição deveria ser quebrada.
No final de 1963, apenas algumas semanas depois que o presidente John F. Kennedy foi baleado e morto em Dallas, um leitor implorou aos editores que nomeassem a primeira "Pessoa Póstuma do Ano", com base na ideia de que "não poderia haver desacordo de que John Kennedy, por sua morte quase incompreensível, abalou e mudou o mundo além da medida". Em vez disso, os editores selecionaram Martin Luther King Jr como "Pessoa do Ano" de 1963.
Alguns títulos de “Pessoa do Ano” da revista foram inusitados e pegaram os leitores de surpresa. Dá uma olhada!
(Fonte: Time/Reprodução)
A decisão da Time veio nove meses após o início da Guerra do Iraque, em 2003. "Pelas habilidades e serviços incomuns, pelas escolhas que cada um deles fez e pelas que ainda estão por vir, pelo desafio de defender não apenas nossas liberdades, mas aquelas que mal se movem a meio mundo de distância, o soldado americano é a Personalidade do Ano da Time”, disse o artigo.
(Fonte: Time/Reprodução)
As boas obras de Bill Gates, Melinda Gates e Bono renderam elogios ao trio em 2005. Bono, vocalista do U2 e filantropo, organizou shows para beneficiar nações empobrecidas. Bill e Melinda Gates fundaram a Fundação Bill & Melinda Gates e prometeram uma grande parte de sua riqueza. A Time os chamou de "três pessoas em uma missão global para acabar com a pobreza, as doenças – e a indiferença".
(Fonte: Time/Reprodução)
Uma explosão de criadores de conteúdo individuais na internet estimulou a decisão incomum da Time em 2006. Segundo a revista, “é sobre muitos arrancando o poder de poucos e ajudando uns aos outros por nada e como isso não apenas mudará o mundo, mas também mudará a maneira como o mundo muda”.
(Fonte: Time/Reprodução)
A Primavera Árabe e o movimento Occupy inspiraram conjuntamente a decisão da Time em 2011. "Os manifestantes não apenas expressaram suas reclamações; eles mudaram o mundo", disse o artigo.
(Fonte: Time/Reprodução)
Profissionais de saúde, cientistas, enfermeiros, atendentes de ambulâncias e outros que lutaram contra o devastador surto do vírus Ebola dividiram o título em 2014. As capas do Five Time apresentavam o Dr. Jerry Brown, um diretor médico em Monróvia, Libéria; Dr. Kent Brantly, o primeiro americano a ser infectado no surto de Ebola de 2014; Ella Watson-Stryker, promotora de saúde dos Médicos Sem Fronteiras; Foday Gallah, supervisor de ambulância e sobrevivente do Ebola de Monróvia; e Salome Karwah, uma enfermeira estagiária da Libéria cujos pais morreram de Ebola.
(Fonte: Time/Reprodução)
Os "quebradores do silêncio" que iniciaram o movimento anti-assédio #MeToo foram nomeados “Pessoas do Ano” pela Time em 2017. A capa apresentava a trabalhadora agrícola Isabel Pascual, o lobista Adama Iwu, a atriz Ashley Judd, a engenheira de software Susan Fowler, a cantora Taylor Swift e um funcionário de hospital que optou por permanecer anônimo.
(Fonte: Time/Reprodução)
A revista nomeou "os guardiões" como as “Pessoas do Ano” de 2018. Todos são jornalistas que foram violentamente atacados ou acusados criminalmente em um aparente esforço para silenciar a imprensa livre em todo o mundo.