Artes/cultura
29/12/2022 às 11:49•3 min de leitura
O mundo do futebol está em luto: Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, faleceu vítima de um câncer de cólon nesta quinta-feira (29) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ídolo do Santos e da Seleção Brasileira, o astro nascido em Três Corações, em Minas Gerais, deixou um enorme legado ao longo de sua carreira e colocou seu nome no topo do hall de craques do futebol.
Além de suas conquistas dentro de campo, Pelé tornou-se um ícone que ultrapassou sua fama dentro da categoria. Além de ser um dos responsáveis por três dos cinco títulos de Copa Do Mundo conquistados pelo Brasil, o Rei virou um símbolo de excelência e participou de diversos acontecimentos marcantes na história da humanidade. Relembre alguns dos momentos mais marcantes de sua vida!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em 1950, Pelé tentava consolar seu pai na sala de casa após a Seleção Brasileira ter perdido a final da Copa do Mundo daquele ano para o Uruguai, em pleno Maracanã. Ainda com 9 anos, o menino lhe fez uma promessa: "Não se preocupe, pai, eu vou ganhar a Copa do Mundo para nós".
A promessa não apenas foi cumprida, como sua carreira foi muito além disso. Com 17 anos, Pelé foi convocado para participar da Copa de 1958, na Suécia. Em território europeu, conquistaria o primeiro título brasileiro na maior competição mundial de futebol. Em 1962, no Chile, e em 1970, no México, subiria na parte mais alta do pódio novamente e se tornaria tricampeão mundial pelo Brasil.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A qualidade técnica de Pelé era algo que chamava a atenção de todos desde muito jovem. Ainda no início de sua carreira, era evidente que conseguia jogar futebol de uma forma como nenhum outro atleta no mundo havia conseguido anteriormente. Inclusive, tornou-se precursor de muitos dos dribles que ainda são usados atualmente.
Meses antes da Copa de 1958, o jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues o colocou no patamar de "rei do futebol" em uma crônica feita sobre uma partida disputada entre Santos e América. "O que nós chamamos de realeza é, acima de tudo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: a de se sentir rei, da cabeça aos pés. Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento", relatou.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Pelé definitivamente foi o atleta mais vitorioso pela Seleção Brasileira, mas seu sucesso não se limita a isso. Pelo Santos, marcou grande parte dos 1.281 gols — feitos em 1.363 jogos — que o transformaram no maior artilheiro da história do futebol mundial.
Seu talento era tão absurdo que, por diversas vezes, chegou a ser aplaudido até mesmo pela torcida adversária. O gol de número 1 mil, no entanto, talvez tenha sido o mais simbólicos de todos. A marca foi alcançada no dia 19 de novembro de 1969, em vitória de 2 a 1 do Santos contra o Vasco, no gigante palco do Maracanã. Curiosamente, o Rei tinha apenas 29 anos quando alcançou essa marca.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Em 1993, Pelé concedeu uma entrevista à revista Playboy, conduzida pelo jornalista Juca Kfouri. Naquela ocasião, o Rei afirmou ter cerca de 20 passaportes com ele e que esse número poderia ser ainda maior, porque perdeu vários pelo caminho. No entanto, o craque do futebol afirmou também que esses documentos eram muito mais pedidos dentro do Brasil do que fora do país.
Para a surpresa do entrevistador, Pelé chegou a afirmar que entrou sem passaporte nos Estados Unidos e também no Vaticano — lugares onde a fiscalização de quem entra costuma ser bastante rígida. "Nos EUA, o fiscal me perguntou se eu tinha alguma foto minha para autografar para ele. Eu tinha, o cara deixou que eu passasse e ainda disse que tinha uma filha que me adorava e que esteve na clínica de futebol que a gente montou na Pelé Soccer Camp", declarou.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Embora tenha passado quase toda a sua carreira jogando pelo Santos, onde amontoou títulos e conquistas pessoais, Pelé se despediu do seu clube do coração em 1974. Naquele ano, o Rei deixaria a Vila Belmiro para se aventurar em uma nova jornada: jogar pelo New York Cosmos numa tentativa de fazer o futebol se tornar um esporte popular nos Estados Unidos.
Foram cerca de dois anos jogando na Liga Norte-Americana de Futebol (NASL), onde conseguiu aumentar a média de público do campeonato de abaixo de 10 mil pessoas para mais de 34 mil espectadores por partida. Pelé se tornou uma verdadeira celebridade em Nova York e se hoje existem mais campos de futebol espalhados pelos EUA, muito tem a ver com sua participação na liga local.
(Fonte: Gazeta Esportiva/Reprodução)
Em 1969, a Nigéria vivia uma guerra civil entre dois grupos étnicos: Ibo e Hausa. Chamada de Guerra da Biafra, que durou de 1967 até 1970, o conflito causou a morte de mais de 2 milhões de pessoas. Por diversas vezes, autoridades como o Papa Paulo VI e a Organização das Nações Unidas (ONU) tentaram conter a guerra, mas sem sucesso.
Naquele ano, o governo local convidou o Santos — comandado por Pelé — para disputar um amistoso contra a seleção da região do centro-oeste da Nigéria, em Benin City. A delegação do Peixe topou o convite sem saber o que acontecia na região. De acordo com a história, como todos os nigerianos queriam ver Pelé de perto, o governo local acabou decretando um cessar-fogo para que o elenco santista pudesse chegar ao estádio em segurança e depois retornar ao local onde estavam hospedados.
Sendo assim, Pelé e seus companheiros teriam sido diretamente responsáveis por interromper um conflito armado inteiro, mesmo que isso tenha durado apenas algumas horas.