Ciência
21/01/2023 às 07:00•2 min de leitura
Ao longo dos séculos, cada sociedade desenvolveu estilos muito próprios para suas casas, templos e demais tipos de construções. Isso fez com que essa arquitetura regional se tornasse facilmente reconhecível, mesmo entre sociedades próximas — por exemplo, a arquitetura japonesa tem influência da chinesa, mas é fácil perceber as diferenças.
Porém, há algumas décadas esse tipo de característica tem saído de cena, e as grandes cidades passaram a ser cada vez mais ocupadas por longos arranha-céus. E, na maioria dos casos, esses prédios são bastante semelhantes pelo mundo todo. Esse seria um sinal de que as arquiteturas tradicionais estão morrendo?
(Fonte: Unsplash)
Uma das explicações para essa mudança na arquitetura tem a ver com o aumento da população em todo o planeta. Construções antigas eram feitas de modo quase artesanal, pois precisavam atender a uma demanda muito menor. Os recursos eram mais escassos e cada sociedade utilizava o que tinha por perto.
Hoje, a construção civil conta com uma variedade muito maior de materiais para as construções. Eles são mais baratos, mais fáceis de serem manuseados e permitem que os edifícios sejam construídos com muito mais agilidade. Para atender o número cada vez maior de pessoas precisando de moradias, faz mais sentido que os projetos deixem de lado certos elementos estéticos em troca da rapidez e da praticidade.
E isso vale tanto para construções populares — como os altos edifícios chineses — quanto para prédios da alta sociedade — que costumam ter fachadas de vidro espelhado. O processo de globalização é outro fator que influencia nessa "perda de identidade" na arquitetura atual.
Quando os padrões de construção começaram a ser definidos, as sociedades eram mais "isoladas", o que fez com que os edifícios se tornassem mais únicos, criando padrões em diferentes locais. Hoje, é mais fácil que projetos sejam repetidos em diferentes lugares, assim como um projetista russo pode trabalhar em um projeto no Brasil, fazendo com que diferentes estilos sejam misturados com mais facilidade.
(Fonte: Twitter/@culturaltutor)
Mas isso não significa que construções clássicas ou tradicionais não existam mais. Muitas cidades ainda investem em projetos que remetem à arquitetura clássica. E há diferentes motivos para isso.
Alguns urbanistas acreditam que esta é uma maneira de preservar a cultura a e história local, que também está presente na arquitetura. Embora existam pontos positivos na modernização de alguns conceitos, é importante que eles não apaguem completamente as nossas origens.
Outro motivo é que as pessoas tendem a se sentir mais confortáveis — e até mesmo felizes — se elas estão em um ambiente onde a paisagem parece ser mais natural. Prédios altos e parecidos criam uma sensação de artificialidade. Se por um lado eles resolvem problemas de habitação, por outro eles podem causar um sentimento de aprisionamento.
Alguns países têm investido em leis para garantir a preservação de centros históricos, mantendo viva essa herança arquitetônica. O problema é que isso vem acompanhado, em alguns casos, de um processo de gentrificação, tornando esses espaços mais caros e mais excludentes.