Ciência
17/03/2023 às 04:00•2 min de leitura
Nova Orleans não é um município qualquer nos Estados Unidos, mas um dos que guarda uma história rica e recheada de mitologias, contos e histórias assombradas. O passado escravocrata ajuda a alimentar o imaginário da cidade, conhecida como a mais mal-assombrada do mundo.
O assunto é tão sério que já alimentou a ficção, com filmes, livros e até uma temporada de American Horror Story. Mas a terra da sádica Delphine LaLaurie também é composta de peculiaridades quando o assunto são as práticas funerárias. Com características muito próprias, a morte por ali é, no mínimo, intrigante
(Fonte: Wikimedia Commons)
Chamada popularmente de Jazz Funerals, a procissão fúnebre em Nova Orleans é considerada um fenômeno cultural integrante da identidade da cidade, tendo sido criada ali a partir da influência de elementos culturais afro-americanos. Quando uma pessoa morre, um cortejo segue a família, amigos e membros da igreja, chamada de Second Line.
Ele é um cortejo musical, com bandas animadas, usando roupas coloridas e tocando canções alegres e divertidas. Tornou-se um elemento tão forte da tradição local que, hoje em dia, é parte das mais diferentes celebrações do município. Segundo os locais, é uma maneira ímpar de reverenciar e celebrar a vida dos que se foram.
(Fonte: YouTube/Reprodução)
O Dia de Todos os Santos, data que se celebra a honra de quem já foi julgado e está na "vida eterna", é um feriado praticado com muito afinco em Nova Orleans. Todo dia 1º de novembro, as famílias tomam conta dos cemitérios da cidade com o objetivo de deixar o túmulo de seus entes queridos limpos.
Mas não é só isso: na data as famílias também levam presentes para os mortos, que podem incluir fotografias, flores, alimentos e até bebida alcoólica. Lembra bastante a celebração do Dia de Finados, mas com muito mais pompa e um dia antes.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os columbários dos cemitérios da Roma Antiga foram inspiração para a forma como os túmulos em Nova Orleans foram construídos. A estrutura é bastante semelhante, mas, ao invés de guardar restos cremados, servem como túmulos completos.
Outra diferença é que os columbários romanos ficavam abaixo do solo, esculpidos em rocha calcária, enquanto as câmaras funerárias da cidade norte-americana ficam acima do solo. Elas também não são adornadas como as romanas, mas mostram a mesma engenhosidade na técnica de construção.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Outra característica curiosa das criptas de Nova Orleans é que elas podem acomodar até dez pessoas dentro. Quando os terrenos disponíveis para sepultamento começaram a ficar escassos na cidade, o governo tomou como medida fazer as tumbas acima da terra. Era uma maneira mais barata e eficiente, além de impedir o acúmulo de corpos ao ar livre, o que poderia gerar diversas doenças.
Quando diferentes epidemias assolaram a cidade, as tumbas acima do solo e com capacidade para muitos corpos também ajudaram. Assim, quando uma família perdia muitas pessoas por uma mesma doença, os corpos ficavam juntos na mesma tumba. Até hoje, as famílias donas dos espaços os reutiliza.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Enterrar os mortos no subsolo dos cemitérios de Nova Orleans é permitido, desde que você tenha um espaço. Todavia, houve um tempo em que não era bem assim. A cidade foi fundada em uma margem elevada ao lado do rio Mississippi. Na época das cheias, a água fazia com que os caixões (e os corpos) saíssem do solo e os restos mortais ficassem espalhados pelas ruas.
A maneira de resolver foi proibir enterros subterrâneos. Assim surgiram as tumbas citadas no item 3, inspiradas nos columbários romanos. Quando diferentes epidemias tomaram conta da cidade, a prática se mostrou positiva. Ainda por cima, impulsionou o surgimento de quase todos os cemitérios de Nova Orleans.