Ladrões medievais usavam animais como 'cúmplices' de crimes

19/03/2023 às 12:002 min de leitura

No século 12, um grupo de ladrões na Pérsia se tornou extremamente conhecido por aplicar uma técnica bastante criativa: os bandidos passaram a adotar certos animais como "cúmplices" de seus crimes. No leque de parceiros, animais como gatos, macacos e até mesmo tartarugas chegaram a ter funções importantes para os criminosos.

Conhecidos como Banu Sasan, o grupo treinava as criaturas para dar "sinal verde" de que o roubo poderia começar. E como isso funcionava? Assim que uma entrada na casa visada fosse aberta à força, o animal em questão seria o primeiro a entrar carregando uma vela nas costas. Entenda mais sobre a vida desses criminosos nos próximos parágrafos!

Animais criminosos

(Fonte: Repositório de imagens NZN)(Fonte: Repositório de imagens NZN)

Conforme é descrito pelo historiador Clifford Edmund Bosworth no livro The Medieval islamic Underworld: The Banu Sasan in Arabic Society and Literature, os bandidos introduziam uma tartaruga no lugar do roubo para que ela rastejasse pelo ambiente com uma vela nas costas. Dessa forma, o ambiente seria iluminado aos poucos exibindo todo o conteúdo que tinha lá dentro.

Eles não só treinavam as tartarugas para ajudá-los, como também existem provas de que outros animais se juntaram à gangue. Relatos apontam que os Banu Sasan tinham pelo menos um macaco treinado para fazer um gesto de salaam — o ato muçulmano de piedade —, além de orar e chorar como um ser humano.

Segundo a lenda local, o macaco na verdade era um príncipe que estava sob um feitiço lançado por sua esposa para mudar sua aparência. Para reverter essa magia, ele precisaria pagar 100 mil peças de ouro. Tendo isso mente, os Banu Sasan se aproveitaram da lenda para roubar dinheiro dos fiéis.

Banu Sasan na Pérsia

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Atualmente, o termo "Banu Sasan" passou a significar simplesmente "mendigo" em persa. Porém, segundo o famoso autor árabe sírio medieval Jamal al-Din al-Jawbari, qualquer pessoa que praticasse atos de "engano e trapaça" deveria ser considerada membro dessa tribo desonesta. Para a maioria desses membros, a vida de malandragem e violência era uma escolha consciente. 

Os membros dos Banu Sasan não estavam unidos por religião ou sangue, mas sim pela rejeição coletiva das normas e valores da sociedade. Segundo pesquisadores, é muito difícil identificar quando essa tribo surgiu, visto que parece ter sido um conglomerado de muitos grupos étnicos e linguísticos.

Mesmo assim, os truques usados pela gangue foram difundidos por gerações, o que colaborou para o surgimento de subtribos de ladrões na região que adotavam métodos muito semelhantes de roubos. De acordo com Bosworth, os Banu Sasan também trabalharam com pombos e gatos, que confirmavam que a casa-alvo de um crime estava vazia para ser roubada.

Representações na literatura

(Fonte: Walt Disney Pictures/Reprodução)(Fonte: Walt Disney Pictures/Reprodução)

Embora os Banu Sasan não sejam muito conhecidos dentro da cultura ocidental, eles serviram de inspiração para alguns contos famosos. Por exemplo, na obra Alladin e a Lâmpada Maravilhosa (1982), o macaco de estimação, Abu, é treinado para enganar pessoas e ajudar o protagonista a roubar alimentos, dinheiro ou objetos de valor de inocentes.

Dessa forma, Abu não seria um personagem que surgiu da criatividade pura, mas sim inspirado nos cúmplices de quatro patas do grupo persa medieval desonesto. No fim das contas, o estilo de vida dos Banu Sasan inspirou vários escritores medievais a criar novas poesias, romances picarescos e por aí vai.

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