Ciência
06/05/2023 às 08:00•3 min de leitura
Francisco Goya é considerado um dos pintores mais influentes dos séculos XVIII e XIX, conhecido por suas obras poderosas e muitas vezes controversas. Entre as mais famosas estão as Pinturas Negras, uma série de 14 murais que ele produziu diretamente nas paredes de sua casa em Madrid. Como o próprio título das obras remete – a primeira definição de "negro" no dicionário espanhol é "escuridão completa" – sua arte é frequentemente caracterizada por temas sombrios e enigmáticos, que cativam o público há séculos.
Mas o gênio artístico de Goya vai além dessas peças bem conhecidas, e seus outros trabalhos são igualmente intrigantes. Pensando nisso, exploraremos oito fatos fascinantes sobre os quadros misteriosos e obscuros que trazem detalhes sobre a vida do artista, suas inspirações e o profundo simbolismo por trás de suas criações assombrosas.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Uma das pinturas mais chocantes e perturbadoras de Francisco Goya é "Saturno devorando um filho", que faz parte da série incrível que ele pintou nas paredes de sua casa. A obra retrata o deus romano devorando um de seus herdeiros, por temer que ele o destronasse.
A cena é brutal e grotesca, com o rosto da divindade expressando loucura e desespero. O pintor se inspirou em uma escultura antiga que representava o mesmo tema, mas deu ao seu trabalho um tom mais macabro e violento.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Um dos fatos sobre as misteriosas Pinturas Negras de Goya é que elas não foram feitas para serem expostas ao público, mas sim como decoração de seu lar, chamado Quinta del Sordo.
Uma delas é a "Dois velhos comendo sopa", que mostra uma cena horripilante de dois homens idosos e esqueléticos se alimentando de uma tigela. Pelo seu formato, especula-se que obra provavelmente ocupava o espaço da sobreporta do piso térreo da casa. Goya pintou essa e outras obras sombrias entre 1819 e 1823, quando estava isolado e sofrendo de surdez e depressão.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
"As Parcas" é uma representação das três deusas da mitologia grega que controlam o destino dos mortais: Cloto, Láquesis e Átropos. Elas aparecem como figuras sombrias e grotescas, voando sobre um mar escuro e agitado.
Goya pintou essa cena com cores escuras e pinceladas soltas, criando uma atmosfera de terror e angústia. Esse quadro é um dos trabalhos mais misteriosos e obscuros de Goya, que reflete o estado de espírito pessimista e desesperado no final da sua vida.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
A pintura mostra a cabeça de um cão emergindo de um fundo escuro e sombrio, que pode representar uma colina, uma tempestade ou o vazio. O animal parece olhar para cima com uma expressão de angústia, solidão ou esperança. O quadro pode ser interpretado de várias formas, desde como uma alegoria da condição humana até como uma crítica à situação política da Espanha na época.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
"O sono da razão produz monstros" retrata um homem adormecido sobre uma mesa, cercado por criaturas fantásticas e um pouco amedrontadoras que representam os medos e as ilusões que surgem quando a razão é abandonada.
Goya queria criticar a sociedade da sua época, que estava mergulhada em conflitos políticos e religiosos, e defender o iluminismo, um movimento intelectual que valorizava a razão e a ciência. A obra é considerada uma das mais importantes e influentes da arte moderna, pois expressa o sentimento de angústia e desespero diante de um mundo caótico e irracional.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
"Casa de loucos" foi criada entre 1812 e 1819, baseando-se em uma cena que o arista testemunhou no famoso asilo de Zaragoza. Ela retrata um sanatório e seus habitantes em vários estados de loucura.
Podemos ver pessoas acorrentadas, lutando ou se contorcendo, e outras que parecem indiferentes ou resignados. A obra expressa a visão crítica de Goya sobre a situação dos doentes mentais na época e reflete seu próprio sofrimento psicológico após a doença que o deixou surdo.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
"Voo das bruxas" faz parte de uma série de seis pinturas sobre o tema da bruxaria, encomendadas pelos Duques de Osuna em 1797. A obra mostra um grupo de mulheres voando em volta de um homem nu, que seria o Grande Cabra, uma figura diabólica que presidia os sabás.
Goya retrata as bruxas com feições deformadas, expressando o seu horror e crítica ao fanatismo e à superstição. Esse é mais um trabalho que reflete o seu pessimismo e desencanto com a sociedade da época.
(Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Essa pintura retrata o momento em que Goya estava gravemente doente e recebeu os cuidados do seu médico, Eugenio García Arrieta. O artista a dedicou ao doutor como um gesto de gratidão e reconhecimento por sua dedicação e amizade.
A obra é considerada um de seus últimos autorretratos e um dos mais expressivos da sua carreira. Nela, ele se mostra frágil e debilitado, apoiado pelo outro homem que lhe oferece um copo de medicamento. Ao fundo, vê-se um grupo de figuras sombrias que representam os seus medos e angústias. O quadro é um testemunho da relação entre o artista e Arrieta, mas também da sua visão sobre a vida e a morte.