Ciência
16/06/2023 às 02:00•2 min de leitura
Em 2019, uma descoberta intrigante foi feita por moradores da cidade de Carmona, na Espanha. Enquanto desfrutavam um dia de sol na piscina, os habitantes locais acidentalmente encontraram um túmulo romano intacto. Posteriormente, o lugar passou a ser analisado de perto por pesquisadores da Universidade Pablo de Olavide.
A tumba, intacta por dois milênios, foi local de descanso final para três homens e três mulheres. Entre os itens enterrados com eles estava um frasco de quartzo contendo perfume datado para o primeiro século d.C., o qual teve sua composição analisada pelos cientistas. Através desse achado, os pesquisadores formularam suas primeiras hipóteses sobre qual era o cheiro dos antigos romanos ricos.
(Fonte: Juan Manuel Román/Divulgação)
Após anos analisando a composição do perfume encontrado em Carmona, a equipe de pesquisadores da Universidade Pablo de Olavide, comandada por Juan Manuel Román, publicou um artigo na revista Heritage sobre a forma como os romanos ricos podem ter cheirado no passado.
E pelo que foi analisado em laboratório, a resposta é uma só: patchouli, um arbusto da família da menta com caules que alcançam até 1 metro de altura e pequenas flores brancas e cor-de-rosa. Até hoje, o patchouli é um ingrediente comum nos perfumes modernos. Naquela época, contudo, a planta só crescia na Índia e era relativamente rara.
Segundo os pesquisadores, essa é potencialmente a primeira vez que um perfume da época romana foi identificado. Apesar de diversos outros recipientes terem sido encontrados anteriormente, eles raramente possuíam qualquer tipo de substância preservada em seu interior.
(Fonte: GettyImages)
Devido à raridade dos ingredientes e o alto custo para se produzir um frasco de perfume, acredita-se que os únicos detentores de tal objeto seriam os romanos da mais alta classe. “Na época romana, os vasos de quartzo eram objetos de luxo muito raros, vários dos quais foram encontrados perto de Carmona”, escreveu um dos autores do artigo.
A rolha dos recipientes, por sua vez, era feita de dolomita, uma forma de calcário rica em magnésio e carbonato de cálcio, e unida por uma substância semelhante ao alcatrão. Sua aplicação nesse tipo de produto também era desconhecida pelos especialistas.
Conforme o relato feito pelos pesquisadores, descobrir um frasco de perfume é algo bastante incomum para um sítio arqueológico, ainda mais bem fechado e contendo uma massa sólida no seu interior. Embora bastante popular entre a alta classe romana, o uso de perfumes já era algo existente no mundo há milhares de anos — sendo os antigos egípcios os maiores entusiastas.
Alguns anos atrás, algumas tentativas de recriar o perfume de Cleópatra já foram feitas, mas nenhuma com muito sucesso. Com o passar dos anos, o gosto pelos perfumes se espalhou pela Grécia e por Roma. Além de produzir um cheiro agradável, essas substâncias também eram bastante usadas em rituais e práticas medicinais.