Ciência
28/06/2023 às 13:00•2 min de leitura
Apesar de muitos acreditarem que se trata da mesma coisa, existe uma diferença bem clara entre o picolé e o sorvete. Um picolé se trata de um líquido aromatizado artificialmente ou natural congelado em um palito. Já no caso do sorvete, é um creme, geralmente à base de leite e outros ingredientes, batido durante o congelamento para evitar a formação de cristais de gelo.
É bom salientar que o picolé e o sorvete foram criados em épocas diferentes e para propósitos distintos. O sorvete, por exemplo, foi criado há mais de 4 mil anos na China, quando ainda não existia a geladeira, enquanto o picolé foi inventado por acidente em 1905 por uma criança de 11 anos.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Em 1905, um menino de 11 anos chamado Frank Epperson, morador de Oakland, Califórnia, misturou água com pó de refrigerante no quintal de sua casa enquanto brincava e deixou lá durante toda a noite. Na manhã seguinte, ele encontrou sua mistura congelada ao redor de uma colher no copo.
Com uma inteligência além de sua idade, Epperson teve a ideia de colocar o copo em água morna para extrair a mistura congelada. Assim nasceu o primeiro picolé do mundo, pelas mãos de uma criança, após um experimento inocente. Se não houvesse um histórico sólido após isso, provavelmente muitos duvidariam se essa realmente foi a história de como tudo começou.
Daquele dia em diante, Epperson passou a fazer todos os dias o picolé. Dezoito anos mais tarde, já era algo que havia passado para seus filhos. Ele chamava sua invenção de "epsicle", mas seus filhos preferiram chamar de "popsicle".
Em meados de 1923, o homem entrou com uma patente para seu picolé para começar a vendê-lo com alguns doces em Neptune Beach, na Flórida. Rapidamente, ele se tornou um sucesso entre visitantes e moradores locais, que queriam se refrescar com sua sobremesa deliciosa.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
No entanto, o prestígio de Epperson durou pouco, assim como a chance de crescer com a invenção da qual desfrutou desde sua infância. Em 1929, o sucesso de seu trabalho atraiu olhares das grandes corporações, bem em um momento em que Epperson sofria com a Grande Depressão. Ele acabou cedendo às oportunidades de venda de sua patente a Joe Lowe Company, de Nova York.
Ali foi o fim da linha para tudo o que Epperson poderia receber com sua invenção, mas apenas o começo para a história do picolé. Sua popularidade global foi precedida por muito dinheiro, na mesma proporção que lidou com controvérsias e brigas judiciais. A começar pela mais emblemática de todas: Good Humor.
No Brasil, nós conhecemos a empresa de sorvetes Good Humor como Kibon, que em 1920 foi responsável por inventar uma barra de sorvete em um palito com cobertura de chocolate. O produto fez um sucesso imenso pelos EUA e era vendido em caminhões de sorvete e no varejo do país.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Com isso, a Kibon determinou que o picolé da marca Popsicle implicava com sua patente, podendo ser enquadrada em um caso de plágio. As empresas se enfrentaram em pelo menos nove tribunais federais diferentes, de Nova York à Califórnia.
Quando decidiram unir forças para dividir o ramo para proteger seus direitos conjuntos, a discordância surgiu na interpretação dessa divisão. Afinal, naquela época, a indústria ainda não havia chegado a uma definição padrão para a composição de sorvetes e picolés. Até que foi determinado em juízo que a Kibon ficaria com os direitos de sorvetes e doces em palito à base de leite, enquanto a Popsicle obteve o domínio dos picolés em palito à base de água e frutas.
A rixa entre as empresas permaneceu até 1989, quando a Unilever, dona da Kibon, decidiu comprar a Popsicle.