Sarah Bernhardt: a estrela francesa que foi a 1ª 'celebridade' do mundo moderno

Pense em todas as celebridades no mundo que você conhece e principalmente naquelas que usam nomes artísticos para divulgar seus trabalhos. Sabe o que elas têm em comum? Todas essas pessoas devem muito a Sarah Bernhardt, uma atriz francesa que basicamente inventou por conta própria o conceito do que é ser uma "celebridade". 

Conhecida como "Divina" em seu tempo, Bernhardt foi uma das mulheres mais famosas do mundo no final do século XIX e começo do século XX, protagonizando várias obras teatrais clássicas e lotando teatros por todos os cantos que passavam. Porém, seu maior diferencial era saber promover sua própria imagem. Conheça mais sobre essa incrível história!

Exemplo de publicidade

(Fonte: GettyImages)

Embora Bernhardt seja historicamente reconhecida por seu talento fora do comum para a sua época, sua fama não foi exatamente uma consequência de seu trabalho nos palcos. A francesa possuía um talento nato para promover sua própria imagem e usar a imprensa ao seu favor — desenvolvendo o conceito de personalidade pública.

Em uma época sem redes sociais, ela trabalhava constantemente em tentar colocar sua imagem na grande mídia, seja com fotos dramáticas ou sem roupas, por meio de um comportamento extravagante, ou simplesmente agindo como uma pessoa normal. Bernhardt era dona de vários animais selvagens como bichos de estimação, o que fazia sua imagem ser mais polêmica e interessante para os outros.

Inclusive, tantas extravagâncias fizeram com que ela chegasse
à beira da falência. Por conta disso, decidiu começar a fazer turnês internacionais pelo continente europeu, Canadá, Estados Unidos e também América Latina. Mesmo interpretando apenas em francês, seu talento era reconhecido pelas pessoas do mundo todo e fizeram com que ela se firmasse como a primeira estrela global.

Visita conturbada ao Brasil

(Fonte: GettyImages)

A turnê mais longa que Sarah Bernhardt fez em sua carreira aconteceu em 1887, quando ela visitou vários países da América Latina. O Brasil teve a sorte de contar com sua presença em três ocasiões, nas quais ela foi adorada pela comunidade de imigrantes franceses que aqui vivia e pela elite que conhecia a língua.

Em 1905, no entanto, um evento trágico marcou sua última passagem pelo país. Durante uma apresentação na ópera Tosca no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, sua personagem precisava pular de um parapeito para a morte. Colchonetes ocultos no palco deveriam ter amenizado sua queda, mas alguém havia colocado a estrutura fora do lugar.

Por consequência, a atriz francesa sofreu uma grave lesão no joelho. A lesão sofrida no Rio causou forte inchaço na região do corpo e só foi devidamente tratada três semanas depois para não interromper a turnê. Sem dar muitas atenções para as dores que sentia, Bernhardt viu a situação do seu corpo piorar a cada ano que passava.

Em 1915, o cenário era tão grave que ela precisou ter sua perna amputada quase à altura da pélvis. Independente das barreiras, a celebridade francesa seguiu trabalhando até o fim da sua vida em 1923, quando sofreu um colapso e morreu de uremia. Em 2023, o museu Petit Palais, em Paris, inaugurou uma exposição intitulada "Sarah Bernhardt: e a mulher criou a estrela" para marcar o aniversário de 100 anos da sua morte.