Estilo de vida
01/03/2022 às 12:00•3 min de leitura
A arte do teatro é uma das mais antigas que conhecemos: ela data de pelo menos 2.500 anos, quando surgiu na Grécia. Nos séculos seguintes, desenvolveu suas bases em diferentes países da Europa - com manifestações específicas em Roma, na Idade Média e na Inglaterra regida por Elizabeth I.
Neste texto, contamos quais são as origens desta arte performática e como ela foi criando sua linguagem ao longo do tempo.
(Fonte: Pixabay)
O teatro se iniciou na Grécia Antiga, em torno do século VI a.C. Ele está ligado aos cultos destinados ao deus Dionísio, divindade grega ligada à fertilidade e ao vinho. Em tempos de colheita, eram feitos rituais de agradecimento a Dionísio pela abundância. Os fiéis organizavam um "coro", ou seja, um conjunto de pessoas que se juntava para cantar e dançar homenageando o deus - estabelecendo, assim, os primórdios da linguagem do teatro, que evoluiria muito nos séculos seguintes.
Ainda no mesmo século VI a.C., um sacerdote de Dionísio chamado Téspis de Ática introduziu um novo elemento no teatro: o diálogo dentro do coro. Com isso, Téspis passa a ser reconhecido como o primeiro ator do Ocidente, e é até hoje homenageado pelos atores do mundo todo.
É ainda na Grécia que os gêneros teatrais começam a se desenvolver: a tragédia e a comédia. Os autores da tragédia ganham muita proeminência e suas peças continuariam sendo montadas e discutidas nos muitos séculos seguintes. Um destes textos célebres é a peça Édipo Rei, de Sófocles, que posteriormente teria grande importância também para a psicanálise.
(Fonte: Pixabay)
Ao chegar em Roma e ao se espalhar para outras culturas, o teatro vai se modificando e ganhando configurações - inclusive arquitetônicas - mais próximas das que são usadas até hoje. As apresentações começam a ser feitas ao ar livre, em construções semicirculares, semelhantes a arenas. Nestes espaços, já havia um palco, além de espaços reservados para as representações (onde ficava a orquestra) e para a arquibancada (onde ficava o público). Estes teatros costumavam ser construídos em encostas montanhosas, para favorecer a acústica.
Com isso, o teatro vai se desenvolvendo no Império Romano com forte influência da cultura grega e etrusca, ainda que com algumas especificidades. Nesta localidade, dois escritores de comédia - Plauto e Terêncio - ganham grande destaque e suas peças ficam famosas.
No teatro romano, a linguagem teatral ganha mais leveza do que tinha no teatro grego. Os textos ficam menos filosóficos, a comédia passa a ser muito apreciada e o entretenimento é valorizado como elemento importante. Além disso, a linguagem do teatro em Roma adquire elementos circenses, como acrobacias e até palhaços.
(Fonte: Culturalizando)
Com a queda do Império Romano, passa-se à fase da Idade Média (entre os séculos V e XV). Nesta época, o teatro greco-romano passa a ser combatido pela Igreja Católica - há, inclusive, muita destruição de textos teatrais, causando um prejuízo cultural incalculável para a humanidade.
Por conta desta ênfase religiosa e o combate às raízes da Grécia e de Roma, dois tipos de teatro começam a ser articulados: o teatro sacro, relacionado aos temas ligados ao cristianismo, e o teatro profano, com os temas de caráter popular, cômico e moralizante.
Alguns formatos dentro do gênero profano ganham força nesta época. Um deles que se torna muito popular é a farsa, modalidade de teatro na qual se encena situações cotidianas de forma cômica, mas sempre exagerada e grosseira, provocando risos fáceis na plateia. Seus personagens costumam representar "categorias" típicas da sociedade medieval, como os patrões, os empregados, os maridos, as amantes, os burgueses, os pobres, etc.
(Fonte: Dicas de Londres)
A Inglaterra é uma das nações mais importantes na história do teatro, pois teve uma influência fortíssima no que seria feito dentro desta arte ao longo dos anos. O teatro elizabetano, no século XVI — ou seja, o que foi desenvolvido durante o governo da Rainha Elizabeth I, da dinastia Tudor — centraliza a fase mais fecunda neste tipo de produção.
Há um elemento fundamental que ocorre no teatro inglês: talvez pela primeira vez, as peças passam a ser entendidas como obras de caráter popular, que deveriam se comunicar com o povo. Os teatros de Londres eram construídos como arenas que comportavam até 2.000 pessoas - que de fato compareciam, muitas vezes ficando em pé durante espetáculos que duravam horas!
É nesta época que surge aquele que seria reconhecido como o maior dramaturgo de todos os tempos: William Shakespeare, o "Bardo". Escritor sem formação teatral, Shakespeare era ator e diretor, sendo dono de sua própria companhia. Ele escrevia em velocidade impressionante, e foi inovador na linguagem: passou a rejeitar regras aristotélicas para a construção do texto teatral, e a mesclar drama e comédia em suas histórias.
Há 38 peças conhecidas de Shakespeare, além de centenas de sonetos. Ele tinha um teatro só seu, o famoso The Globe, construído à beira do rio Tâmisa. Dentre as muitas obras conhecidas do Bardo, estão Hamlet, Rei Lear, MacBeth, Romeu e Julieta e A Megera Domada.