Ciência
18/07/2023 às 10:00•3 min de leitura
Machu Picchu provavelmente é uma das cidades mais emblemáticas de toda a América do Sul, principalmente por sua relevância histórica na região e por ter sido de suma importância para o Império Inca no passado. Localizada no Peru, a cidade atrai diversos turistas de todas as partes do mundo a cada ano.
Porém, você sabia que existe um caminho que liga o Brasil até esse lugar por meio do subsolo? Ao menos é isso que uma teoria maluca sugere. Segundo a lenda, a gruta do Carimbado, a qual está dentro de São Thomé das Letras (MG), funcionaria como um "portal dimensional" para o outro lado do continente.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A 346 km de distância de Belo Horizonte, São Thomé das Letras é um remoto município mineiro com população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBG) de apenas 6.655 habitantes. Logo, ninguém poderia imaginar que a cidade é detentora de uma das lendas mais intrigantes de todas em território nacional.
De acordo com o folclore da região, a gruta do Carimbado, um labirinto de pedra com entrada proibida, conectaria o Brasil a Machu Picchu, no Peru, que esta a 4 mil km de distância dali. Segundo a lenda, a conexão entre os dois lugares também ajudaria a explicar o sumiço dos incas que habitavam os Andes e que teriam ido para São Thomé através da gruta.
Porém, se a distância abismal entre as duas cidades não fosse suficiente, algumas pessoas acreditam que a caverna secreta seria uma espécie de portal dimensional, que transporta energia para outra parte do planeta. No entanto, como nenhuma pessoa chegou até o fundo da caverna nos últimos anos, essas dúvidas jamais poderiam ser respondidas.
(Fonte: Internet/Reprodução)
A cidade de São Thomé das Letras acabou ficando famosa no Brasil após aparecer na minissérie Filhos do Sol (1991), que foi exibida pela finada Rede Manchete. Em sequência a fama adquirida pelo município, a gruta do Carimbado acabou ganhando reconhecimento pelas inúmeras lendas contadas pelos habitantes da região.
A gruta fica exatamente na estrada para São Bento do Abade, a 6 km de distância de São Thomé. Além de sua possível ligação com Machu Picchu e com o povo inca do Peru, a caverna também ganhou fama por possivelmente abrigar uma civilização intraterrestre que teria acesso restrito por ali. Alguns místicos, inclusive, acreditam que São Thomé das Letras seja um dos sete pontos energéticos (chacras) da Terra.
Segundo a Sociedade Brasileira de Espeleologia, a gruta possui 212 metros topográficos, o que significa que ela é bem funda e de difícil locomoção. Portanto, um dos motivos desses diversos mistérios seguirem vivos é justamente porque ninguém consegue chegar até o fim da caverna. Depois dos primeiros 100 metros, o canal de pedras vai se estreitando, a quantidade de ar diminui e o caminho fica intransponível.
(Fonte: GettyImages)
Embora a história da gruta dos Carimbados seja muito louca para se acreditar, tendo em vista que não se pode provar cientificamente a existência de um portal dimensional que transporte pessoas por 4 mil km de distância, é simplesmente inimaginável pensar que existiria um caminho no subsolo que conecte Brasil e Peru.
Contudo, a história pode muito bem ter sido baseada em uma rota que um dia uniu o nosso país e nossos vizinhos sul-americanos. Trata-se do caminho do Peabiru, uma enorme rede sul-americana de trilhas utilizadas por populações indígenas há algumas centenas ou milhares de ano.
Em resumo, o Caminho do Peabiru possuía diversas saídas, sendo uma delas por São Vicente, no estado de São Paulo, e se ramificava por vários outros lugares do Brasil, como perto de Cananeia (SP) e São Francisco do Sul (SC). De acordo com pesquisadores, o trajeto teria uma média de 3 mil km de distância, nos quais era necessário atravessar matas, rios, pântanos e cataratas.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Na visão de historiadores, rotas como o caminho de Peabiru teriam tido grande importância para a colonização da América do Sul, uma vez que ganharam grande relevância entre os europeus por volta de 1514. Naquele ano, exploradores teriam sido informados pela população local que no interior do continente vivia uma civilização rica em ouro e prata.
Assim surgiram as primeiras incursões pelo Rio de La Plata. Os espanhóis, acompanhados de indígenas, teriam andado, nadado e até mesmo entrado em lutas sangrentas pelo trajeto que cruzava o continente. Alguns trechos dessa trilha ainda existam hoje em dia e até mesmo são estudados.
Contudo, como a natureza toma conta de boa parte dessa porção de território na América do Sul, a saída mais simples de unir o Brasil ao Peru, seja de São Thomé das Letras a Machu Picchu ou São Vicente a Cusco, é somente pegar um avião até o outro país.