Artes/cultura
04/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
No dia 15 de dezembro de 1966, morria Walt Disney, o produtor, cineasta e empreendedor que fundou um dos maiores conglomerados de entretenimento do mundo, a The Walt Disney Company. E desde então circula um boato bem estranho: a de que seu corpo teria sido congelado logo após o seu falecimento.
Mas será que há um fundo de verdade nessa suspeita?
(Fonte: Wikimedia Commons)
Walt Disney morreu em 1966, aos 65 anos, quando já havia consolidado 43 anos de carreira em Hollywood, na qual revolucionou os filmes de animação. Seu falecimento veio como decorrência de uma doença pulmonar crônica, o enfisema, adquirido após muitos anos de tabagismo.
No fim de 1966, os médicos haviam descoberto um grande tumor no pulmão esquerdo de Disney. Ele foi submetido a uma cirurgia no dia 6 de novembro, na qual os médicos verificaram que o câncer havia já começado a se espalhar.
Durante o tempo de seu tratamento, o público da Disney nunca foi claramente informado sobre a enfermidade do empresário. Todas as notícias que chegavam à imprensa notificavam que ele estava tratando de uma lesão no pescoço adquirida ao praticar polo, ou de que estava apenas fazendo check-ups.
Mas a verdade é que ele só piorava. E tudo isso acontecia ao mesmo tempo em que a Disney planejava o Experimental Prototype Community of Tomorrow (EPCOT, em português, algo como "Comunidade Protótipo Experimental do Amanhã"), que foi transformado em um filme documentário estrelado por Disney ainda em 1966. No dia 15 de dezembro do mesmo ano, Walt Disney morreu na Califórnia.
Semanas depois de sua morte, começou então a circular um boato de que seu corpo havia sido congelado na expectativa de um dia ressuscitá-lo. A rede PBS informou que um repórter do tabloide The National Spotlite teria entrado no hospital que Disney foi internado e visto seu corpo dentro de um cilindro criogênico.
Dois anos depois, duas publicações — a revista francesa Ici Paris e o jornal americano The National Tattler — anunciaram que o corpo seria reanimado em 1975. Eles ainda inseriram mais um boato na história: de que o corpo do empresário estaria dentro de um freezer localizado abaixo do brinquedo Piratas do Caribe, em um parque da Disney.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Parte da difusão desses rumores se deve ao fato de que Walt Disney teria um fascínio pela ficção científica e pelas concepções do futuro. Foi ele que planejou originalmente o EPCOT, que seria, em suas palavras, um lugar que mostra "as novas ideias e tecnologias que estão emergindo de centros criativos da indústria americana. Ele será uma comunidade do amanhã que nunca será concluída, mas sempre estará introduzindo, testando e demonstrando novos materiais e novos sistemas. E o EPCOT sempre será uma exibição do mundo da ingenuidade e da imaginação da livre iniciativa americana". Quando estava mais perto da morte, Disney também teria chamado os chefes de departamento para o futuro da sua empresa e dito a eles que desejava vê-los em breve.
Algumas teorias sugerem ainda que Disney teria lido o livro The Prospect of Immortality, publicado em 1964 por Robert CW Ettinger, que discute os desdobramentos éticos, legais e práticos do congelamento criogênico. Na obra, o autor defenderia que a ciência logo seria capaz de reparar qualquer dano ao corpo humano por meio de técnicas de congelamento.
Contudo, não há qualquer evidência de que Walt Disney tenha investido muito dinheiro para congelar o seu corpo — e nem de que ele estivesse realmente interessado em criogenia. Este rumor, na verdade, também se relaciona com duas biografias do empresário que foram consideradas falsas: Disney's World, de Leonardo Mosley, e Walt Disney — Hollywood's Dark Prince, de Marc Eliot. Por isso, toda a história se configura nada mais do que uma lenda urbana.