Ciência
21/08/2023 às 11:00•2 min de leitura
Ir a uma sorveteria é sempre uma experiência gostosa e refrescante. Dependendo do estabelecimento, as opções de sabores podem ser tantas que o cliente sempre achará que deixou de experimentar algo gostoso.
Alguns sabores de sorvete parecem que já foram mais populares, como o de milho-verde e o de passas ao rum. Mas se analisarmos os sabores mais antigos, nos depararemos com opções bem inusitadas, como frango, pão integral e brócolis.
A empresa britânica English Heritage decidiu convidar os turistas a experimentarem alguns sabores de sorvetes do passado. A marca é responsável por administrar 400 locais históricos e turísticos e achou que o paladar seria uma forma dos visitantes viajarem no tempo.
Se você for a uma banca de jornais ou loja de livros antigos (os sebos) verá que existem muitas opções de revistas com receitas disponíveis nesses locais. Algumas dessas revistas levam o nome de grandes culinaristas, como a apresentadora Ana Maria Braga e a já falecida cozinheira Palmirinha.
Mas na Inglaterra do século XIX, a grande estrela do mundo da cozinha era a culinarista Agnes Marshall, ela é a autora do livro The Book of Ices, publicado em 1885. Nele só há receitas geladas, como sorvetes, suflês e cremes. É dessa obra que saíram algumas receitas reproduzidas pela English Heritage.
Muitas receitas são parecidas com aquelas que consumimos hoje, como sorvetes de frutas com xaropes açucarados, sorvetes de nozes etc. Mas alguns são mais criativos, como o de beterraba, o de pão e o de espinafre.
Nem todos foram pensados para serem servidos como sobremesa. O sorvete de patê de frango é sugerido como o segundo prato de um jantar.
Já o livro de receitas francês L’Art de Bien Faire les Glaces d’Office, escrito por Monsieur Emy, no ano de 1768 trazia receitas de sorvetes cujos ingredientes principais eram queijos, trufas e açafrão (que não é o mesmo que cúrcuma).
Uma das máquinas necessárias para fazer as receitas no livro The Book of Ices. (Fonte: The Book of Ices)
As receitas desses livros exigiam que as pessoas tivessem em suas cozinhas equipamentos específicos para conseguir congelar os cremes feitos. Para alcançar baixas temperaturas, essas máquinas usavam sal e gelo. Ao girar o equipamento, com a ajuda de uma manivela, o creme congelava — e isso era tecnologia de ponta.
Copo em que era servida o sorvete italiano. (Fonte: Scarborough Museums and Galleries)
Além dos franceses e dos ingleses, os italianos também contribuíram para o desenvolvimento dessa sobremesa. Mas em vez de focarem na criação de receitas, os italianos buscaram popularizar o prato com a oferta de “lambidas por centavos”, em tradução livre.
Os sorvetes “penny lick” eram servidos em taças de vidro, cujo objetivo era preservar a temperatura. O cliente comprava o sorvete, lambia e devolvia o copo lambido ao sorveteiro, que imediatamente servia outra pessoa.
O acúmulo de saliva no copo, mais o fato de os sorvetes levarem gemas de ovo, leite e nata — todos crus — criou a receita perfeita para intoxicações alimentares, o que não foi o suficiente para tirar a popularidade da ideia italiana.