Oweynagat: os 'portões do inferno' irlandeses que inspiraram o Halloween

13/10/2023 às 04:302 min de leitura

Na Irlanda, em uma área pouco conhecida no condado de Roscommon, encontra-se uma estrutura subterrânea construída entre os séculos VII e XII. Localizada na região chamada de Rathcroghan, ela reúne cerca de 250 monumentos arqueológicos.

Ocorre que esse local também é conhecido por lá como “portão para o inferno”, que seria aberto durante o festival de Samhain, a versão ancestral do Halloween. Acredita-se que essa é uma época do ano em que a separação entre o mundo dos vivos e dos mortos se enfraqueceria, e os espíritos poderiam circular livremente entre nós.

O portão para o inferno

Rebecca.shiraev@sbcglobal.net(Fonte: Rebecca Shiraev/Flickr/Reprodução)

A caverna mais famosa é a de Oweynagat (pronuncia-se “Oen-na-gat” e significa “caverna dos gatos”). Ela fica no centro de Rathcroghan, região que a Irlanda já solicitou para inclusão no Patrimônio Mundial da UNESCO. Rathcroghan abriga três quilômetros de terras agrícolas que englobam 250 sítios arqueológicos que datam de até 5.500 anos. Eles incluem túmulos, fortes, pedras monolíticas, um santuário da Idade do Ferro e o Oweynagat, o tal portão para o inferno.

De acordo com o arqueólogo Daniel Curley, a história desse local remete há mais de 2 mil anos, quando comunidades irlandesas iniciaram o festival irlandês de Ano Novo de Samhain. Mais tarde, essa tradição seria levada aos Estados Unidos por imigrantes irlandeses, transformando-se no Halloween.

Os irlandeses, antes do cristianismo, dividiam o ano em quatro partes. Havia então quatro festividades: o Imbolc, em 1º de fevereiro, que marcava o início da primavera; Bealtaine, em 1º de maio, que marcava o fim do inverno; o Lughnasadh, no dia 1º de agosto, um festival da colheita dedicado ao deus Lugh; e, por fim, em 31 de outubro, chegava o Samhain, que marcava o fim de um ano pastoral e início do próximo.

Durante o Samhain, a região de Rathcroghan se tornava um centro de celebração por suas características e paisagens cheias de cemitérios e monumentos. Durante os eventos, os presentes festejavam, brincavam, negociavam, trocavam presentes e faziam oferendas aos espíritos.

O ritual do Samhain

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

O Samhain é um ritual que marca o fim da temporada de colheita e início do inverno, chamado de "a metade mais escura do ano". Acredita-se que ele tenha origens pagãs celtas, e foi registrado pela primeira vez na literatura irlandesa mais antiga, datada do século IX. Ele era tido como um momento em que os túmulos seriam abertos e os mortos poderiam retornar temporariamente ao convívio com os vivos.

Durante o Samhain, alguns desses espíritos também escapariam pela caverna Oweynagat. “O Samhain ocorria quando a parede invisível entre o mundo dos vivos e o outro mundo desaparecia. Uma série de feras de outro mundo emergia para devastar a paisagem circundante e prepará-la para o inverno”, conta Mike McCarthy, que é guia turístico e pesquisador de Rathcroghan, em entrevista à National Geographic. Com medo dos espíritos, as pessoas acendiam fogueiras e se disfarçavam com fantasias para que não fossem arrastadas para dentro da caverna.

O curioso é que, mesmo com essa relação com a origem do Halloween, a região de Rathcroghan é uma das menos visitadas da Irlanda. Ela atrai cerca de 22 mil visitantes por ano. A título de comparação, os penhascos de Moher recebem mais de um milhão de turistas anualmente.

De acordo com Daniel Curley, a inclusão de Rathcroghan na lista da UNESCO poderia valorizar a região, pois significaria mais investimentos. "Mas queremos um turismo sustentável, não uma onda de turismo enigmático de Halloween", conclui.

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