A curiosa história da Grande Pirâmide de Cholula, a pirâmide mais volumosa do mundo

A palavra "pirâmide" geralmente nos remete às enormes estruturas nas paisagens desérticas do Egito, mas a maior do mundo está bem mais próxima. A Grande Pirâmide de Cholula, ou Pirâmide de Tepanapa, é a maior pirâmide em tamanho e fica localizada no município de San Pedro de Cholula, no México.

Ela tem uma história curiosa e apesar de ter sido construída ao longo de mil anos, foi abandonada pouco tempo após a sua conclusão.

Dimensões e construção de Cholula

(Fonte: Wikimedia Commons)

Enquanto a Grande Pirâmide de Quéops (ou Gizé) no Egito atinge uma altura de 146,6 metros, a Pirâmide de Cholula tem apenas 25 metros. No entanto, o que chama a atenção — e o que lhe confere o título de maior pirâmide — são suas dimensões em comprimento. A obra total tem uma base de 300 por 315 metros, atingindo um volume total de 4,45 milhões de metros cúbicos, quase o dobro do tamanho da maior pirâmide egípcia.

Estima-se que a construção da pirâmide de Cholula tenha começado por volta do ano 200 a.C. Localizada no centro-leste do México, a cidade de Cholula chegou, em seu auge, a ser a segunda maior em importância na era pré-colombiana, com uma população estimada de 100 mil pessoas.

(Fonte: Getty Images)

Tanto a cidade quanto a pirâmide foram dedicadas a Quetzalcoatl, um deus asteca relacionado ao vento, sabedoria, artes e conhecimento. As influências arquitetônicas da construção variaram ao longo dos séculos, de acordo com o povo que dominava a região na época. Os arqueólogos acreditam que houve quatro principais fases de construção com nove grandes modificações.

Em algum momento do século VIII a cidade perdeu a maior parte de sua população por razões ainda não explicadas. No entanto, a pirâmide continuou a ser um importante local de peregrinação, enterros e sacrifícios, mas já sem a mesma importância geopolítica.

No século XII, os toltecas e chichimecas invadiram o território e construíram um novo templo, deixando a grande pirâmide cair no esquecimento. A obra aos poucos foi sendo tomada pela vegetação e ficou conhecida como Tlachihualtepetl, a montanha feita à mão.

Chegada dos espanhóis

Partes escavadas e intactas da Pirâmide. (Fonte: WikimediaCommons/Reprodução)

Quando os espanhóis chegaram no século XVI, a cidade foi palco de uma tragédia. Após descobrirem a aliança entre os locais e os astecas, Hernán Cortés executou mais de 30 mil pessoas. Partes da pirâmide que ainda podiam estar à mostra foram destruídas, e muito provavelmente os espanhóis não perceberam que toda a "montanha" era uma pirâmide. Em seu topo, foi construída a Igreja de Nuestra Señora de los Remedios, que se tornou um importante ponto de peregrinação cristã nos séculos seguintes.

A redescoberta da Pirâmide de Cholula só aconteceu no final do século XIX, quando arqueólogos começaram a escavar áreas adjacentes e perceberam que a estrutura poderia ser bem maior do que se imaginava. Nesse período, outras partes da construção já haviam sido afetadas por construções de estradas e ferrovias.

Nuestra Señora de los Remedios. (Fonte: Wikimedia Commons)

A principal escavação do sítio arqueológico aconteceu entre 1931 e 1970 e fez descobertas incríveis. Cerâmicas, instrumentos musicais, obras de arte, esqueletos e muitos outros artefatos dos mais diversos períodos históricos foram encontrados. Além disso, foram escavados mais de 8 km de túneis que interconectam boa parte da estrutura.

Atualmente, algumas partes da construção original foram escavadas e restauradas e podem ser visitadas. Estudos arqueológicos continuam acontecendo e novas descobertas são feitas com regularidade. Cerca de 200 mil visitantes vão anualmente conhecer a maior pirâmide do mundo.