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27/10/2023 às 11:00•2 min de leitura
Imagens não classificadas feitas por satélites espiões da época da Guerra Fria recentemente revelaram centenas de fortes romanos há muito tempo perdidos na Síria e no Iraque. Essas estruturas foram documentadas pela primeira vez no Oriente Próximo na década de 1920, quando o padre jesuíta Padre Antoine Poidebard realizou uma das primeiras pesquisas arqueológicas aéreas no mundo.
Seus estudos contaram uma linha de 116 fortes, sugerindo que eles foram usados para proteger a fronteira oriental do Império Romano de invasões saqueadoras do mundo árabe e da Pérsia. Essa nova pesquisa, feita por pesquisadores do Dartmouth College, oferecem uma nova visão sobre a área. Ao todo, um total de 396 novos fortes da era romana na estepe síria foram encontrados.
(Fonte: Jesse Casana/Divulgação)
De acordo com os autores do estudo, as características arqueológicas classificadas como prováveis fortes distinguem-se facilmente de edifícios modernos na região devido às sombras distintas que os últimos tem na paisagem. "A forma mais comum que interpretamos como um forte provável é uma forma quadrada clássica, normalmente de 50 a 80 metros de cada lado", escreveram em comunicado oficial.
A equipe de estudos só conseguiu identificar 38 dos fortes originais do Padre Poidebard, sugerindo que muitos desses vestígios arqueológicos desapareceram ao longo do século passado por conta da intensa agricultura e urbanização. Curiosamente, as centenas de fortes recentes identificados estavam amplamente espalhados de leste a oeste.
Essa organização das estruturas indica que os edifícios não faziam necessariamente parte de uma fronteira norte-sul criada para se proteger de invasores orientais. Em vez disso, os investigadores especulam que o complexo de fortificações existia para ajudar a movimentação de tropas ou o comércio de mercadorias na região — protegendo as caravanas comerciais que viajavam entre as províncias orientais.
(Fonte: Jesse Casana/Divulgação)
Caso as novas interpretações sobre os fortes estejam corretas, isso poderá ter grandes implicações na forma como vemos esta parte do mundo romano antigo. Em primeiro lugar, isso seria um indício de que a extensão oriental do Império Romano não tinha fronteiras rígidas. Além disso, sugere que esta região tinha mais a ver com comércio do que com guerra.
“Desde a década de 1930, historiadores e arqueólogos têm debatido o propósito estratégico ou político deste sistema de fortificações, mas poucos estudiosos questionaram a observação básica de Poidebard de que havia uma linha de fortes definindo a fronteira romana oriental”, afirmou o principal autor do estudo, Jesse Casana, em entrevista ao IFLScience.
À medida que novas imagens do século XX forem desclassificadas — o que significa que se tornam públicas —, novas descobertas arqueológicas como essa serão possíveis. Especialistas acreditam que as imagens obtidas pelos satélites espiões na Guerra Fria possuíam uma resolução consideravelmente do que outras imagens de satélite daquela época, fornecendo um potencial de revelar todos os tipos de relíquias arqueológicas do passado.