Ciência
07/05/2024 às 08:00•3 min de leituraAtualizado em 07/05/2024 às 08:00
O pão francês é uma unanimidade entre brasileiros de todas as regiões do país. Ao contrário do que possa parecer, trata-se de uma criação totalmente nacional, elaborada para atender aos anseios da elite brasileira do século XIX, que se deixou conquistas pelas baguetes do país europeu. Mais de um século depois, o sucesso permanece, mas a maneira de se referir a ele muda de região para região.
Enquanto em São Paulo, que consome cerca de 18 milhões de unidades por dia, segundo dados da Sampapão (Sindicato e Associação da Indústria de Panificação e Confeitaria de São Paulo), você pode encontrá-lo como "pãozinho" ou "pão filão", na Bahia ele é o "pão de sal" e nos municípios da baixada santista ele é chamado de "média". Mas não para por aí.
Quem se aventura a passear pela Baixada Santista deve estar preparado ao entrar em uma padaria. Tudo porque pelos municípios da região o pão francês é conhecido como "média". Ainda que não seja consenso, padeiros locais afirmam que a origem do termo remeta a décadas passadas, quando eram comercializadas baguetes de diferentes tamanhos pela região.
Com o passar dos anos, a baguete média se tornou a mais popular entre os moradores, e nem mesmo a diminuição do tamanho para o atual (cerca de 14 centímetros, o padrão do pão francês) fez mudar o hábito de se referir a ele dessa maneira.
Cacete, segundo o dicionário, é um pedaço de madeira, cilíndrico, usado para desferir pancadas. No entanto, no Rio Grande do Sul, foi inspiração para nomear a versão local do pão francês, chamada de "cacetinho".
No livro Dicionário de Porto-Alegrês, de Luís Augusto Fischer, há uma explicação para tal. Afirma o autor que a baguete, também conhecida como bengala ou cacete, ganhou uma versão menor, menos cilíndrica. Para os gaúchos, era evidente que se tratava de um "cacete" em tamanho diminuto. Estava batizado o pão.
A história que explica a peculiaridade na forma de se referir ao pão francês no Ceará não possui consenso, porém a mais aceita liga a iguaria, obviamente, ao Rio de Janeiro. Na primeira metade do século XX, um padeiro teria chegado da capital fluminense na capital cearense. Para sobreviver, fez o que sabia: abriu uma padaria para comercializar pães.
Sua receita fez muito sucesso com a população local. Aos poucos, seu produto passou a ser conhecido popularmente como "pão do carioca". Com o passar dos anos, o apelido se tornou referência para o gênero alimentício, que ganhou uma versão menor: "carioquinha".
A história do pão francês em Aracaju, capital do Sergipe, está intimamente ligada à Panificação Garça, padaria localizada no centro da cidade desde o ano de 1927. Segundo os atuais proprietários do estabelecimento, tudo começou quando Jacó, um padeiro contratado pela empresa, passou a fazer deliciosos pães, muito requisitados pela freguesia do local.
Até aquele momento, a iguaria era conhecida pelo nome de "pão de sal". Porém, o sucesso da receita do padeiro levou a que os clientes quisessem o "pão Jacó", que, por fim, tornou-se a maneira popular por toda a capital – e parte do interior.
Estados colados geograficamente, Bahia e Minas Gerais dividem a maneira de se referir ao pão francês. Nestes dois locais, ele é predominantemente conhecido como "pão de sal". Diferente das outras maneiras apresentada anteriormente, essa guarda uma história simples.
De acordo com especialistas, o nome foi conferido à iguaria por se tratar de um produto de sabor neutro. Sendo assim, ele combinaria perfeitamente com uma grande variedade de alimentos, demonstrando seu caráter versátil.