Estilo de vida
31/10/2024 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 31/10/2024 às 21:00
Existem várias razões para ainda acreditarmos em fantasmas — e não é apenas pela diversão de assistir a um filme de terror. Para muitos, a ideia de uma presença sobrenatural é quase irresistível, mas cientistas dizem que esse fascínio pode ser uma combinação de história, cultura e truques do nosso cérebro. Mesmo sem provas concretas da existência de fantasmas, a crença continua viva e se fortalece em tempos incertos. E a ciência tem algumas teorias bem intrigantes sobre o porquê.
Segundo uma pesquisa realizada pela YouGov em 2020, quase metade dos americanos acredita em fantasmas, e 20% dizem até já terem “encontrado” um. Parece que o aumento do conteúdo sobrenatural nas redes sociais, como o TikTok, também reforça essa crença, com vídeos de supostas assombrações virais e misteriosas figuras em ambientes sombrios. Mas o que leva tanta gente a acreditar em espíritos?
Em momentos de insegurança, as pessoas tendem a buscar explicações para o inexplicável. “O medo é um mecanismo de sobrevivência”, explica Chris French, professor da Unidade de Pesquisa em Anomalias do Goldsmiths College. “Nosso cérebro está programado para procurar ameaças, e isso acaba criando certos vieses cognitivos.” Ou seja, quando algo estranho acontece, como um barulho inesperado à noite, nosso cérebro pode interpretar que uma presença ou agente invisível esteja por trás disso.
French acredita que esse viés cognitivo é uma herança da nossa evolução, quando os humanos precisavam estar atentos a predadores e inimigos. Hoje, no entanto, essa predisposição a detectar ameaças nos leva a conectar eventos corriqueiros, como um objeto que cai, com intenções invisíveis e até assustadoras. Para ele, “essas crenças podem ser apenas um reflexo das estratégias do cérebro para nos manter seguros.”
Além do instinto, outra teoria é que o aumento das experiências paranormais durante a pandemia veio da necessidade de enfrentar o desconhecido. Em tempos estressantes, as pessoas buscam histórias e símbolos que ajudem a lidar com o imprevisível. No caso da pandemia, um pico de interesse pelo paranormal serviu como uma válvula de escape em meio ao caos.
Mesmo quem não acredita em fantasmas está sujeito a experiências estranhas. Lugares que já têm fama de assombrados, por exemplo, tendem a despertar reações incomuns em quem passa por lá. Em 1997, um experimento mostrou que, ao dizer a um grupo de visitantes que um teatro antigo era mal-assombrado, muitos relataram sensações “paranormais”, como arrepios e sons estranhos. No entanto, outro grupo que visitou o mesmo teatro sem qualquer sugestão paranormal relatou muito menos experiências estranhas.
Outro fator curioso que pode causar visões de fantasmas é a paralisia do sono, uma condição em que a pessoa desperta, mas não consegue se mover e, muitas vezes, sente uma “presença” assustadora. Em diversas culturas, essa sensação já foi interpretada como a visita de bruxas, demônios ou até o pisoteio de criaturas fantasmagóricas. O que parece sobrenatural para quem não conhece a condição, no entanto, pode ser explicado pela ciência.
Para Chris French, é importante lembrar que o fato de não conseguirmos explicar algo de imediato não significa que seja sobrenatural. “Só porque não encontramos uma explicação, não quer dizer que ela não exista”, diz o professor. Um exemplo famoso disso foi um aposentado que, ao descobrir ferramentas misteriosamente organizadas em sua oficina, achou que havia algo assombrando o local. A surpresa? A "entidade" era um camundongo que movia as ferramentas no meio da noite!