Artes/cultura
17/09/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 17/09/2024 às 03:00
Os Vikings sempre foram interpretados na história como guerreiros brutais, saqueadores de terras e espalhadores de caos. No entanto, um novo estudo feito pela Universidade do Sul da Flórida sugere que essa imagem não se repetiu de maneira igual por toda a Escandinávia. Comparando esqueletos da Era Viking encontrados na Noruega e na Dinamarca, cientistas descobriram que a violência não era tão frequente entre os dinamarqueses como era entre os noruegueses.
Segundo o estudo, apenas 7% dos esqueletos dinamarqueses mostraram sinais de trauma físico, sendo a maioria resultado de execuções oficiais. Já na Noruega, a história foi diferente: 37% dos corpos examinados apresentaram evidências de ferimentos fatais e um terço com feridas que sugeriram envolvimento em confrontos violentos não letais. Sendo assim, se na Dinamarca o uso da força ficava mais nas mãos das autoridades, a violência parecia fazer parte do cotidiano da Noruega.
Uma das descobertas mais impressionantes do estudo foi o nível de brutalidade sofrido pelas mulheres norueguesas. Ao contrário do que se pensava, elas não eram poupadas entre os Vikings. “As semelhanças na etiologia dos traumas entre mulheres e homens noruegueses podem indicar que as mulheres eram uma ameaça real aos agressores", disseram os investigadores em comunicado oficial. As evidências sugerem que as mulheres tinham uma influência significativa tanto no campo político quanto social.
Essa "igualdade" na brutalidade sugere que, na Noruega, o status das mulheres poderia ser mais elevado em comparação com outras partes da Europa na época. Elas eram vistas como inimigas em potencial, o que pode refletir sua importância em esferas de poder e decisão.
A frequência com que as pessoas se armavam na Noruega também reforça essa noção. Em algumas regiões, como em Rogaland, o estudo indica que havia uma espada Viking a cada 33 km², indicando um ambiente onde a violência era uma ameaça constante. O armamento pessoal era essencial para a sobrevivência e mulheres e homens precisavam estar prontos para se defender.
Na Dinamarca, o cenário dos Vikings era totalmente diferente. Eles pareciam ter uma vida relativamente mais tranquila, com um número menor de armas encontradas em comparação com a Noruega. Para se ter uma ideia, apenas uma espada foi encontrada a cada 547 km² no território dinamarquês.
Uma possível explicação para essa diferença pode ser encontrada nas runas e fortificações da época. A Dinamarca da Era Viking tinha uma sociedade mais centralizada e estratificada, com o poder concentrado nas mãos de governantes como Harald Bluetooth — famoso por construir diversas fortalezas e comandar enormes recursos. Sob seu governo, o povo parecia confiar mais nas autoridades para resolver disputas.
“O reino de Harald se destaca pela quantidade impressionante de obras de terra”, apontam os pesquisadores. Essa diferença entre os dois países é bastante significativa. “Esses padrões sugerem que estamos falando de sociedades distintas nas regiões da Noruega e da Dinamarca. Isso é impressionante, pois sempre assumimos que a Escandinávia Viking era um espaço socialmente unificado”, destacou o autor do estudo, David Jacobson.