Ciência
12/04/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 12/04/2024 às 16:00
Alguns acontecimentos descritos no Velho Testamento também são encontrados em histórias contadas antes da própria Bíblia judaica existir, a exemplo do conto do grande dilúvio e do que se seguiu após um homem reunir animais em uma grande arca, relatado na Epopeia de Gilgamesh. Ocorre algo mais ou menos parecido relacionado ao nome que deu vida ao novo testamento: Jesus Cristo.
Isso porque o relato sobre Apolônio de Tiana, um filósofo grego e curandeiro que viveu ao longo primeiro século da era atual, apresenta muitas similaridades com o principal nome do cristianismo. Ao conhecer sua história, fica mais fácil compreender o que levou a ser estabelecida essa comparação. Mas o fato de ambos terem vivido durante o mesmo período possivelmente é o que mais contribuiu para isso.
Nascido em Tiana, uma província romana que fazia parte da Capadócia, desde jovem Apolônio se dedicou aos estudos, passando a se aprofundar na doutrina de Pitágoras a partir dos 16 anos. Além de praticar a castidade, ele ficou lembrado como defensor de uma vida simples e modesta, longe dos olhos da multidão.
Relatos apontam que o filósofo grego observou o voto de silêncio por cinco anos. Esse esforço foi motivado pelo desejo de absorver algo a partir da sabedoria dos brâmanes e também de seguir os ensinamentos de Pitágoras. Apolônio ainda passou pela Índia, Egito e Síria, nas proximidades do Rio Eufrates.
Nessa região, seus atos foram registrados por Dâmis, que se tornou um de seus muitos discípulos. Assim como Jesus, Apolônio ficou conhecido por realizar milagres. Em sua jornada, ele trouxe uma jovem de volta à vida. O Imperador Nero também se impressionou com o profeta, após ser avisado da ocorrência de algo grandioso — o que se confirmou quando um raio caiu próximo a ele, mas sem o atingir.
O filósofo foi descrito como vegano, mantendo uma dieta livre do consumo de carne animal e também evitando usar peles e objetos produzidos a partir do abate de espécies vivas. O mesmo foi aplicado quanto ao consumo de vinho, que era evitado por ele. Para historiadores, não é possível afirmar exatamente o que Apolônio foi ou fez enquanto vivo, se teria sido um charlatão ou dotado de poderes divinos, mas fato é que se tornou bastante conhecido e atraiu a atenção de grandes figuras do período, mesmo depois de sua morte.
Dentre elas, a imperatriz Júlia Domna, que era esposa do Imperador Septímio Severo. Interessada pela história de Apolônio, ela encarregou Flávio Filóstrato a construir uma biografia dele em 217 d.C. Por outro lado, séculos antes disso, as pessoas que desprezavam essa figura também eram numerosas, uma vez que o famoso curandeiro tecia muitas críticas — e elas não poupavam os frequentadores dos templos.
Um detalhe curioso da sua vida envolve a forma como esse poderoso homem teria escapado da morte quando levado a julgamento, acusado de ser mágico. Nesse fato, ocorrido durante o governo do Imperador Domiciano, a barba de Apolônio foi cortada. Em seguida, ele ficou invisível, desaparecendo do tribunal.
Para alguns, esse relato foi apenas uma forma de explicar o final trágico e humano de uma figura considerada divina, mas para outros, ele teria realmente desfrutado de outro destino e tinha se elevado ao céu — uma história que os cristãos conhecem muito bem. Apesar de nunca mais ter sido visto, ele não foi esquecido. Um templo foi erguido em sua homenagem. Além disso, moedas foram cunhadas em referência a ele.
Com isso, ainda houve quem dissesse que a história de Apolônio era muito mais significativa que a do próprio Jesus Cristo — o que denota como gradativamente ele se tornou uma espécie de herói pagão e é grande a dificuldade de separar a figura mágica daquela que realmente existiu.