Ciência
20/05/2024 às 14:29•2 min de leituraAtualizado em 20/05/2024 às 14:34
Morto no domingo (19) aos 63 anos, em um acidente de helicóptero, o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, era considerado um político ultraconservador e defensor ferrenho dos valores islâmicos. Eleito em 2021, o hojjatoleslam, título que mostra sua proeminência entre os clérigos xiitas, era homem de confiança do aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo da república.
Antes de assumir a presidência, ele ocupava o cargo de chefe do Judiciário, tendo sido indicado pelo próprio Khamenei em 2019. Ele era também o vice-presidente da Assembleia de Peritos, o órgão clerical de 88 membros responsável pela eleição do próximo Líder Supremo da república.
Ele também enfrentou pedidos contínuos de muitos iranianos e ativistas de direitos humanos para que houvesse uma investigação sobre o seu suposto papel nas execuções em massa de prisioneiros políticos e, 1988. Na época, Raisi era um dos quatro juízes que participaram de tribunais secretos, o que lhe valeu o apelido de "açougueiro de Teerã".
Ebrahim Raisi nasceu em 1960 em Mashhad, considera a "cidade sagrada" do irá, por abrigar o Santuário do Imam Ali al-Reza, centro espiritual e cultural para os muçulmanos xiitas em todo o mundo. Lá, o futuro presidente seguiu os passos do pai e começou a frequentar um seminário na cidade sagrada de Qom, aos 15 anos.
Ainda estudante, participou dos protestos contra o xá (rei) Mohammad Reza Pahlavi, deposto em 1979 pela Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. Formado, Raisi trabalhou no poder judiciário, servindo como promotor em diversas cidades.
Embora sua vida pessoal seja bastante restrita, sabe-se que sua esposa, Jamileh, lecionava na Universidade Shahid Beheshti, em Teerã, e que eles tinham duas filhas adultas. O sogro do presidente, aiatolá Ahmad Alamolhoda, é líder religioso em Mashhad.
Eleito com 62% dos votos no primeiro turno, embora com uma participação popular considerada pífia (49%), Raisi teve qu encarar, em seu primeiro mês de governo, os protestos pela morte de Mahsa Amini, uma jovem presa pela polícia moral em Teerã por supostamente usar seu hijab (véu islâmico) "de forma incorreta". Pelo menos 550 participantes foram mortos, segundo a ONU.
No cenário político, o governo do Irã surpreendeu o mundo em março de 2023, ao aceitar uma reaproximação contra a Arábia Saudita, um de seus maiores rivais. Mas as tensões regionais aumentaram, na esteira do conflito entre o Hamas e o governo de Israel, quando a força aérea israelense bombardeou à embaixada iraniana em Damasco em abril passado. Em represália, Raisi ordenou o lançamento de 300 drones e mísseis contra Israel.
No domingo, (19), Raisi voltava da inauguração de uma barragem no noroeste do país, quando um forte nevoeiro e chuva forte provocaram a queda da aeronave em um terreno montanhoso, no qual morreram o presidente e várias autoridades.