Ciência
24/11/2024 às 11:00•2 min de leituraAtualizado em 24/11/2024 às 11:00
Localizada em meio à vegetação densa do Parque Nacional Phong Nha-Ke Bang, na província de Quang Binh, Vietnã, Hang Son Doong é mais do que apenas uma caverna. Com impressionantes 9 km de extensão e um volume que chega a 38,5 milhões de metros cúbicos, essa maravilha natural poderia abrigar arranha-céus de 40 andares e até 15 pirâmides de Gizé.
Descoberta em 1990 por Ho Khanh, um habitante local, a caverna manteve-se um segredo por quase duas décadas, até que uma expedição britânica em 2009, liderada por Howard Limbert, revelou ao mundo o tesouro oculto sob a selva vietnamita.
A formação de Hang Son Doong (algo como Caverna do Rio da Montanha, em português) é fascinante. Criada há cerca de 2 a 3 milhões de anos, ela surgiu quando rios subterrâneos esculpiram a rocha calcária ao longo de falhas geológicas da Cordilheira Truong Son. Com o passar do tempo, partes de seu teto desmoronaram, formando dolinas (tipo de depressão no solo) que permitem a entrada de luz solar e criam um ecossistema único.
Essas "claraboias" naturais não apenas iluminam o ambiente interno como permitiram o crescimento de duas selvas exuberantes, com árvores que chegam a 30 metros de altura. Tal cenário levou visitantes a compararem Son Doong aos cenários de filmes como Avatar.
Mas a caverna é muito mais do que apenas suas impressionantes dimensões. Dentro dela, existe um verdadeiro microcosmo: estalagmites gigantes de até 80 metros de altura, chamadas de "Mão de Cachorro", e um rio subterrâneo cujas águas ainda guardam mistérios inexplorados.
O ecossistema inclui uma variedade de plantas adaptadas à escuridão parcial e espécies de animais que desenvolveram características únicas, como peixes cegos e corpos transparentes. Com um clima próprio, a temperatura na caverna varia de 15 a 25 graus Celsius, sempre mais fresca que a superfície externa, criando um ambiente propício para a vida.
A "Grande Muralha do Vietnã", uma parede de calcita de 90 metros de altura, desafia até os exploradores mais audaciosos. Só em 2010, uma expedição conseguiu escalá-la e mapear a extensão completa da caverna. E, como se tudo isso não bastasse, em 2019, um túnel submerso foi descoberto conectando Son Doong a outra caverna, Hang Thung, aumentando ainda mais seu já espantoso volume.
O caminho para essa descoberta é cheio de histórias. Em 1990, Ho Khanh, enquanto caçava na selva, encontrou a entrada da caverna por acaso. A visão de névoa saindo da fenda e o som forte do rio interior chamaram sua atenção. No entanto, a localização se perdeu em sua memória por anos.
Só em 2008, com a ajuda de um esforço persistente e a motivação dos espeleólogos britânicos Howard e Deb Limbert, Khanh conseguiu redescobrir a entrada, marcando o início da exploração oficial.
Hoje, Hang Son Doong é uma joia que atrai aventureiros do mundo todo. Porém, a caminhada para alcançá-la não é para qualquer um. São necessários pelo menos um dia e meio de trilha pela selva até a entrada, uma jornada que testa até os mais experientes, mas recompensa com uma experiência única em um mundo perdido.
Com uma beleza e mistérios que ainda fascinam os cientistas, Son Doong é um lembrete do poder e engenhosidade da natureza. Quem a visita tem a chance de explorar um espaço onde o tempo parece ter parado, revelando um universo secreto e intocado por milhões de anos.