Ciência
02/06/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 04/06/2024 às 17:35
Os tiroteios em escolas dos Estados Unidos se intensificaram a partir da década de 1990, chocando o mundo com incidentes como o Massacre de Columbine, em 1999. No entanto, o histórico de assassinatos em massa no país é ainda mais antigo.
Entre os eventos trágicos de décadas passadas, um dos mais marcantes foi o Massacre na Universidade do Texas em 1966. Ele se tornou um divisor de águas na cobertura da imprensa, além de deixar um alerta para as forças policiais e a importância da saúde mental.
Realizado pelo ex-fuzileiro naval Charles Whitman, o ataque aconteceu no dia 1º de 1966 em Austin, resultando em 17 mortes e 31 pessoas feridas. O autor atirou do alto da torre do relógio da instituição, usando fuzis e outras armas.
Conforme os relatos da época, o assassino se disfarçou de zelador para chegar à torre, carregando armas, munições e suprimentos. Mas ele já havia iniciado a onda de mortes antes.
Whitman matou a mãe e a esposa a facadas na madrugada, antes de chegar à Universidade do Texas. No final da manhã, ele estava atirando da torre, acertando uma jovem grávida e o namorado dela, entre dezenas de outras pessoas.
Foram centenas de disparos e como ninguém sabia de onde vinham os tiros, nos primeiros minutos, o assassino saiu em vantagem. Em meio ao caos, a polícia recebeu dezenas de chamados, mas estudantes que localizaram o atirador passaram a revidar usando suas armas.
O atirador da torre precisou se esconder, limitando sua capacidade de mira, o que também permitiu a aproximação de três policiais e um civil, com os agentes o matando a tiros. O massacre da Universidade do Texas chegou ao fim após 96 minutos, com um rastro de mortos e feridos pelo campus.
Filho mais velho de um pai autoritário, o responsável pelo até então tiroteio em massa mais mortal dos Estados Unidos cometido por um único atirador vivia em um ambiente marcado pela violência doméstica. Tentando escapar daquilo, se juntou aos Fuzileiros Navais em 1959.
O destaque no meio militar lhe rendeu uma bolsa de estudos na Universidade do Texas em Austin. Sua vida acadêmica foi encerrada após perder o benefício por causa do baixo desempenho nos estudos, porém ele retornou à instituição tempos depois.
Meses antes do tiroteio, Whitman apresentou fortes dores de cabeça e impulsos violentos, além de ter revelado suas fantasias de atirar em pessoas ao psiquiatra que lhe atendia. A autópsia feita no corpo indicou a presença de um tumor cerebral, levando especialistas a associarem a doença à mudança de comportamento.
O Massacre na Universidade do Texas levou a mudanças profundas nos procedimentos policiais nos EUA, mostrando que as autoridades não estavam preparadas para lidar com ataques em massa. A criação de unidades com armamento especial para respostas rápidas foi uma delas.
A cobertura da imprensa também precisou ser adaptada — acredita-se que Whitman tenha ouvido o desenrolar da história pelo rádio na torre. Além disso, os debates sobre a influência de doenças psiquiátricas em ações desse tipo se intensificaram.