Ciência
27/04/2024 às 18:00•2 min de leituraAtualizado em 17/05/2024 às 17:38
Aqui no Brasil, é muito comum usar a expressão "fulano" para se referir a alguém de quem não se sabe o nome. Há também algumas variações, como o "beltrano" e o "sicrano".
É até curioso imaginar que, por décadas e décadas, os brasileiros perpetuam as mesmas palavras para se referirem abstratamente às pessoas que não conhecem ou que não querem nomear. E, por incrível que pareça, os termos têm origens históricas!
A palavra "fulano" deriva das línguas portuguesa e castelhana, e é usada para fazer referência a uma pessoa indeterminada que não se sabe o nome ou não se quer mencionar. O termo tem origem no árabe "fulân", que significa "alguém" ou “tal” (por isso que é tão comum falarmos também no "fulano de tal").
A história do termo remete ao passado de Portugal. A apropriação ocorreu durante o período de domínio árabe sobre a Península Ibérica durante a Idade Média, sobretudo devido às novelas de cavalaria que circulavam. Por isso, houve uma influência da língua sobre os vocabulários do espanhol e do português.
Por volta do século XIII, os espanhóis costumavam usar “fulano” como pronome e diziam "fulana casa" (tal casa) ou "fulano sujeito" (tal sujeito). Já no português, “fulano” se tornou um substantivo e ganhou até uma derivação: a forma “fuão”, que era usada em Portugal.
"Beltrano", por outro lado, veio do nome próprio Beltrão, ou Beltrand, que tem origem francesa e também se popularizou por conta das novelas de cavalaria da era medieval. O termo ganhou o sufixo "ano" por influência justamente de "fulano".
Já "sicrano" tem origem mais vaga. Quando a palavra surgiu, "fulano" e "beltrano" já eram populares. Acredita-se que ela venha de "sicra", que pode estar ligada ao latim securu, que quer dizer segurança, ou de uma mistura de "zutano" e "citano" (os equivalentes a “fulano” e “beltrano” em espanhol).
Não são apenas os brasileiros que usam essas palavras engraçadas para se referir às pessoas que não querem identificar. Em outras nações, os termos empregados podem ser até mais estranhos.
Na Argentina, por exemplo, pode-se usar Juan Pérez, Don Nadie, nengano, zultano, perengano e até Natalia Natalia – termo que é utilizado pela polícia para descrever um suspeito cujo nome é ignorado.
A Espanha usa termos semelhantes aos do Brasil: fulano, zutano, mengano e perengano, e seus correspondentes femininos. Na França, há a expressão Pierre-Paul-Pacques, que forma uma espécie de "fulano-sicrano-beltrano", pela junção dos três nomes.
Os japoneses, por sua vez, dizem nanashi-no-gombei, que quer dizer algo como “sem nome, tal e tal”. Já nos Estados Unidos, há os populares John Doe e Jane Doe, que querem dizer algo como "João e Jane sem nome", além dos menos conhecidos, como John Q. Public, Joe Blow, Joe Schmoe, Joe Sixpack e John Smith.