Ciência
15/07/2014 às 08:28•6 min de leitura
Alguns locais espalhados pelo mundo parecem atrair suicidas. Sejam pontes, montanhas, prédios, praias, bosques, metrôs, enfim, todos esses lugares parecem possuir uma força maior que simplesmente clama pela morte. A seguir, você confere quais são os dez mais estranhos.
Embora não seja uma das grandes atrações da Califórnia, a Colorado Street Bridge, na Pasadena, é muito famosa – todavia, não de um jeito muito simpático. Com aproximadamente 500 metros, o local é conhecido como a “Ponte do Suicídio” devido à grande quantidade de pessoas que se mataram por lá.
Construída em 1913, a ponte faz parte da famosa rota 66 e se tornou um marco histórico. Ela atravessa todo o Canyon Arroyo Seco, um local tão profundo quanto as Montanhas de San Gabriel em relação ao Rio Los Angeles em que aproximadamente 150 pessoas se suicidaram.
O maior número de suicídios na ponte ocorreu durante o período da Grande Depressão – uma época de enorme crise econômica que ocorreu em decorrência da quebra da Bolsa de valores de Nova York. Uma das histórias mais notáveis é a de uma mãe desesperada que atirou sua filha ainda bebê e pulou logo atrás dela, no dia primeiro de maio de 1937. A mulher morreu, mas a criança aterrissou em algumas árvores e foi resgatada posteriormente.
Mesmo com barreiras de proteção, a ponte ainda carrega pelo menos 10 suicídios por ano. Segundo uma pesquisa nos registros da polícia da Califórnia, mais de 10% dos suicídios que ocorreram na cidade nos últimos cinco anos foram realizados na Colorado Street Bridge.
Mas o que aconteceu com a garotinha que foi jogada pela mãe? Em 1993, ela retornou à ponte para sua grande cerimônia de reabertura.
Em 1933, uma estudante de 21 anos, Kiyoko Matsumoto, cometeu suicídio ao se jogar na cratera vulcânica de Monte Mihara que fica localizado na ilha de Izu Oshima, no Japão. A triste história da garota ocorreu por ela estar apaixonada pela estudante Masako Tomita. Como na época as relações lésbicas eram um tabu, ela pediu apenas um conselho:
“Querida, eu estou atordoada com as distrações proporcionadas pelas perplexidades da maturação feminina. Eu não consigo mais aguentar. O que devo fazer? Eu gostaria de pular em um vulcão”. Após escutar essa declaração, Tomita levou sua amiga para um lugar perfeito: o Monte Mihara – bela amiga, não é mesmo?
Quando Tomita voltou para casa, ela contou a história para os colegas de classe e o vulcão se tornou um novo point para o suicídio. Para lucrar com a popularidade do local, a Companhia de Navegação da Baía de Tóquio criou uma linha diária que levava para a ilha e para a borda do Monte Mihara. Além disso, o vulcão recebeu um novo nome: “Point do Suicídio”.
Em 1933, cerca de 944 pessoas pularam na cratera do vulcão. No ano seguinte houve 350 suicídios, sendo que alguns visitantes viajavam para o local apenas para assistir a outras pessoas pularem na cratera.
Pouco tempo depois, a epidemia suicida do Monte Mihara terminou devido ao aprimoramento na segurança para prevenir suicídios e a lei que tornava ofensa criminal a compra de uma passagem só de ida para a ilha.
Os desfiladeiros que formam o The Gap são os locais em que mais ocorrem suicídios na Austrália. O lugar tem sido um ponto “popular” desde de 1800, mas apenas 200 anos depois as autoridades decidiram instalar cercas altas e câmeras de segurança na área. Todavia, foi o toque humano que fez a diferença no local.
Conhecido como “O Anjo do The Gap”, Don Ritchie viveu durante 50 anos em uma das ruas que ficam em frente ao The Gap. Quando ele via alguém próximo demais da beirada, ele se aproximava e oferecia uma xícara de chá. Apenas com esse gesto simbólico o homem conseguiu salvar 160 pessoas. Infelizmente, em 2012, o Anjo do The Gap faleceu, deixando para trás um legado de amor e proteção.
As incríveis quedas brancas de Beachy Head na Inglaterra possuem um segredo obscuro: elas são um dos locais em que mais acontecem suicídios na Grã-Bretanha. Localizada próxima da cidade de Eastbourne no condado de East Sussex, Beachy Head é altamente patrulhada. Ainda assim, o local hospeda aproximadamente 20 suicídios por ano. Os primeiros relatos de morte datam de 1600.
Desde 2004, a Beachy Head Chaplaincy Team tem patrulhado os desfiladeiros tentando salvar os desesperançados. Até janeiro do ano passado, a equipe já havia salvo a vida de 252 pessoas e espera que, com mais voluntários e apoio financeiro, eles conseguirão erradicar a epidemia suicida em Beachy Head para sempre.
Além de ser a ponte mais fotografada no mundo, a Golden Gate é o local em que mais acontecem suicídios nos Estados Unidos. Desde de sua abertura, em 1937, a área teve 1.600 suicídios confirmados, porém o número real de pessoas que pularam nesse local é desconhecido.
As ondas oceânicas na Baía de San Francisco são muito fortes, logo, qualquer pessoa pode ser facilmente levada para o mar muito antes de ser recuperada. Mesmo assim, ainda os casos aumentam incessantemente, tornando o a Golden Gate o local predileto para os suicidas no EUA.
Nos anos 80 e 90, os profissionais da saúde pediram para que a mídia não informasse mais sobre o número de suicídios que ocorreram na ponte, esperando assim diminuir a quantidade de pessoas que copiavam o ato, mas o total não reduziu, e sim aumentou. Atualmente a estratégia mudou, e as políticas de prevenção contra suicídio se tornaram mais vocais sobre as mortes que acontecem na ponte Golden Gate.
Em junho de 2014, São Francisco aprovou um plano de US$ 76 milhões (aproximadamente R$ 168 milhões) para instalar uma rede de segurança de metal que se estenderá por aproximadamente 6 metros abaixo para os lados da ponte.
A rede vai rachar levemente quando alguém cair nela, o que torna difícil conseguir sair sem algum tipo de ajuda. Todavia, muitas pessoas acreditam que a mera presença da rede iria incentivar que outras pessoas também pulassem.
Os metrôs de Londres – também conhecidos como “The Tube” – têm sido um local predileto para cometer suicídio desde sua abertura no século 19. Em 1940, a taxa de suicídio era de 25 por ano. Essa marca aumentou para 100 nos anos 80. As autoridades dizem que isso é menos que o esperado, considerando que a quantidade de pessoas que andavam de metrô nos anos 40 era menor.
Aproximadamente, cerca de 64% das tentativas de suicídio feitas nos trilhos de Londres são feitas por homens. Fora isso, as estações mais próximas de hospitais psiquiátricos tendem a ter um número de incidentes maiores, pois grande parte das vítimas são pacientes – em uma estação calculou-se 55% das mortes.
Algumas estações possuem uma vala conhecida como “suicide pits”. Embora tenham sido criadas originalmente para drenar água, elas têm um propósito diferente – reduzem o número de machucados e mortes, uma vez que possibilitam que as pessoas pulem para evitar as rodas dos trens. Em 2012, um documentário revelou que os suicidas são armazenados em armários de limpeza e em depósitos até que os coletores venham recolher os corpos.
Em segundo lugar no ranking dos locais que mais atraem suicidas nos Estados Unidos, as Cataratas do Niágara possuem até mesmo uma “Temporada suicida”. Em geral, as mortes ocorrem após o fim de semana do feriado Memorial Day (dia que celebra os homens e mulheres que morreram servindo o país nas forças armadas), mais precisamente no fim de maio. Todo ano, aproximadamente 20 a 25 pessoas decidem terminar suas vidas neste local.
Segundo o historiador Paul Gromosiak, ocorreram aproximadamente 2.780 suicídios conhecidos entre os anos de 1856 e 1995. Mas, assim como na Golden Gate, o número pode ser ainda maior, pois muitos corpos nunca foram achados.
Gromosiak informa que o dia mais comum para que uma pessoa se mate nas cataratas é na segunda; e a hora mais popular às quatro da tarde. Tradicionalmente, conforme as estações do ano mudam, o número de mortes aumenta e culmina em uma verdadeira “orgia da morte” em setembro.
Em 1991, o American Jornal of Public Health mostrou que 59% dos suicidas eram homens e aproximadamente 41% eram mulheres – um número razoavelmente alto considerando que a taxa de suicídio entre as mulheres do EUA é de apenas 24%. Por muitos anos, os botes de excursão nas Cataratas do Niágara conseguiram também uma graninha extra tirando os corpos da água.
O lugar mais procurado pelos suicidas japoneses é a pacífica floresta que fica na base do Monte Fuji. Aokigahara, um local de 30 quilômetros quadrados de florestas na prefeitura de Yamanashi, ganhou seu apelido de “Floresta do Suicídio”, porque é o lugar preferido para se matar no Japão.
Segundo os registros da polícia, 247 pessoas tentaram o suicídio em 2010, sendo que 54 delas conseguiram completar a tarefa. Todavia, o número pode ser ainda maior considerando que muitas pessoas vão para a floresta de Aokigahara e acabam morrendo em outras regiões florestais, pois não sabem exatamente onde fica o local correto.
A própria floresta possui uma história macabra. Após a publicação do livro “Kuroi Jukai” em 1961 – no qual um jovem casal comete suicídio na floresta –, muitas pessoas seguiram os mesmos passos em uma taxa de 50 a 100 por ano. Além disso, acredita-se que o ubasute (um costume em que uma pessoa doente ou idosa é levada para um lugar remoto e deixada para morrer de fome, insolação ou desidratação) era praticado na área durante o século 19.
Como o governo francês não quer chamar a atenção para os suicídios que ocorrem na Torre Eiffel, é muito difícil saber quais são os números exatos, mas com certeza são muitos. Pular da “Dama de ferro” é o terceiro método mais popular para cometer suicídio na França – precedido apenas por envenenamento e enforcamento. Mesmo com todas as medidas de segurança, onde há vontade, há um caminho.
O primeiro suicídio conhecido que ocorreu na Torre Eiffel foi cometido por um rapaz de 23 anos que se enforcou em uma das vigas da torre em 1898. Entre todas as tentativas de suicídio, duas pessoas conseguiram sobreviver após pular do primeiro andar, que possui uma queda de cerca de 52 metros.
Uma delas foi soprada pelo vento para uma das traves de segurança. Já a outra, uma mulher, aterrissou em um carro e, segundo rumores, acabou até mesmo casando com o dono do veículo.
Em uma pequena ponte da Escócia, nos últimos 50 anos, aproximadamente 50 cães pularam em direção à morte no mesmo local. Todas os suicídios ocorreram em dias ensolarados e claros, sendo que todos os cachorros eram de raças com focinhos compridos. Algumas pessoas acreditam que há uma força sobrenatural que impulsiona os cães para a morte, mas talvez exista uma explicação mais científica.
O Dr. David Sands, psicólogo de cães, foi chamado para investigar o caso. Após levar Hendrix – um cão de 19 anos que foi o único a sobreviver a uma queda da ponte – para a Overtoun Bridge, o doutor percebeu que o cão estava sendo atraído por uma combinação de cheiro de ratos, esquilos e raposas.
Comparando os cheiros com outros dez cães, o doutor descobriu que 70% deles corriam direto para o da raposa. Portanto, o cheiro forte do animal fez com que os cães de olfato apurado pulassem da ponte, pensando que o animal estava do outro lado. Mas por que eles escolheram essa ponte entre todas as outras na Escócia?
Segundo o doutor, as paredes grossas da ponte obscurecem a visão dos animais e bloqueiam todos os sons. Portanto, o único sentido que funciona, o olfato, é sobrecarregado e faz com que o animal haja ainda mais por instinto.