Estilo de vida
25/04/2018 às 14:01•2 min de leitura
Você sabia que as correntes marinhas ajudam a controlar o clima do planeta? Pois é! São justamente as movimentações que acontecem nos oceanos que transportam o frio e o calor de um lado para o outro, equilibrando a sensação térmica em todos os continentes.
Recentemente, no entanto, os cientistas que acompanham as movimentações que acontecem nessas correntes vêm percebendo uma mudannça incomum: as correntes marinhas nunca estiveram tão lentas — pelo menos não nos últimos 1,5 mil anos, segundo dois novos estudos climáticos apontaram na revista Nature.
Um deles foi realizado pelo Instituto Postdam de Pesquisa em Impacto Climático da Alemanha. O levantamento analisou dados de temperatura da superfície do mar desde o século 19 e percebeu uma diminuição de cerca de 15% na força de circulação das correntes.
Esse dado vai de encontro ao estudo realizado pela Universidade de Londres, que utilizou uma metodologia diferente. Os pesquisadores analisaram partículas de areia que chegavam pelo mar na costa leste dos Estados Unidos.
Ao comparar dados atuais com as posições e os tamanhos dos grãos de areias que chegavam ao continente em períodos anteriores, chegaram ao mesmo resultado — de que os fluxos de água que carregam os grãos vêm perdendo a força, em um enfraquecimento da corrente que pode ser estimado entre 15% e 20% desde que começou, em torno da metade do século XIX.
Correntes como a Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico, a corrente marítima do Atlântico, por exemplo, têm levado mais tempo para transportar as águas superficiais quentes para o norte e as águas frias para o sul, via camadas mais profundas do oceano.
O que isso significa, na prática? Não há como prever exatamente, mas a lista de consequências prováveis inclui alterações severas no clima, intensificação de frio em regiões onde já é frio e de calor onde já é quente, aumento do número de ressacas em algumas praias e de locais nos quais o mar aos poucos vai "engolindo" faixas de areia, calçadas e ruas à beira-mar.
Outro desdobramento possível e que já vem sendo indicado é que, com as correntes mais fracas, o oceano absorve menos dióxido de carbono — se isso continuar, o aquecimento global pode até mesmo piorar, gerando um círculo vicioso.
É que o principal culpado dessa mudança é justamente o aquecimento global, que vem levando ao derretimento gradual de geleiras e ao aumento dos níveis do mar. Com maior volume de água, a velocidade padrão de transporte da temperatura muda, influenciando no processo todo.
Na verdade, se essa movimentação das correntes for drasticamente alterada, a mudança no clima pode ser tão severa que levaria a efeitos extremos como o que vimos no filme "O Dia Depois de Amanhã", no qual ondas gigantes invadiriam as cidades, e nevascas nunca vistas tomariam conta do mundo. Os pesquisadores dizem, no entanto, que é altamente improvável que isso aconteça de uma hora para a outra.