
Ciência
13/06/2019 às 06:40•2 min de leitura
Foi descoberta uma nova evidência de que as pessoas já usavam a maconha para fins recreativos há pelo menos 2.500 anos no oeste da China. De acordo com novo estudo publicado no jornal Science Advances, o consumo de cannabis por causa de suas propriedades psicoativas acontecia provavelmente em rituais funerários. Já se sabia que a erva era cultivada no leste da Ásia há milhares de anos para a obtenção de fibras e sementes, mas descoberta mostra a evidência mais antiga em todo o mundo de uso da maconha apenas para “chapar”.
Os autores do estudo descrevem a descoberta de 10 queimadores de incenso em túmulos antigos no cemitério Jirzankal, há 3.000 metros nas montanhas Pamir, e acredita-se que eles sejam dos meados do primeiro milênio a.C.
A técnica chamada cromatografia gasosa-espectrometria de massa foi utilizada pelos pesquisadores, que analisaram o material orgânico queimado encontrado e descobriram a substância com uma concentração do composto psicoativo tetrahidrocanabidol (THC) muito maior do que geralmente é encontrada em plantas de cannabis selvagens.
Os queimadores de incenso (do lado esquerdo da foto) foram encontrados nos túmulos. Fonte: Xinhua Wu
Esta descoberta levanta algumas questões sobre a história do cultivo da maconha, apesar de não se descartar a possibilidade da grande concentração de THC ser resultado dos altos níveis de luz ultravioleta e outros fatores ambientais associados a grandes altitudes.
De qualquer forma, a autora do estudo Nicole Boivin justifica a importância da das descobertas, que “sustentam a ideia de que as plantas de cannabis foram usadas pela primeira vez em regiões montanhosas do leste da Ásia Central, espalhando-se para outras regiões do mundo”.
Os braseiros de madeira foram encontrados ao lado de 34 corpos e acredita-se que o fumo teria acontecido nos rituais para se comunicar com os mortos ou com o divino.