
Estilo de vida
23/09/2019 às 07:00•2 min de leitura
Este é o ano em que o mundo relembra os 500 anos de morte do homem que foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico — a epítome do chamado “homem renascentista”. Os projetos de Leonardo da Vinci, por conta das celebrações, estão sendo revistos e recriados, e um dos mais curiosos ganhou vida: um majestoso leão mecânico criado exclusivamente para despejar lírios aos pés de um rei.
Construído em madeira, metal e corda, a versão do autômato construída para ser exibida em diversas exposições pelo mundo tem 1,8 metro de altura por 2,74 metros de comprimento (um leão ficará em exibição permanente no Museu Leonardo da Vinci, em Milão). O mecanismo foi encomendado pelo Papa Leão X em 1515 para ser um presente para o novo rei da França, Francisco I.
O animal era uma imagem que unia o Papa (pelo nome) e o criador (Leonardo, no alemão arcaico, significa “forte como um leão”). O leão mecânico entraria no salão e despejaria uma braçada de lírios aos pés do rei. As flores mostrariam a conexão entre a França e Leão X: o papa, nascido Giovanni de Médici, era filho de Lorenzo, o Magnífico, e natural de Florença; um lírio estilizado estava tanto no brasão de armas da França (fleur-de-lis) como no de Florença (giglio fiorentino).
O leão mecânico de Da Vinci foi falado, descrito e lembrado por décadas, mas nem o mecanismo nem seus esquemas sobreviveram até os dias atuais. O melhor relato que chegou aos nossos dias é o do pintor Giovanni Paolo Lomazzo que, em 1584, conta o que foi dito pelo aluno favorito de Da Vinci, Francesco Melzi, que acompanharia o mestre à França nos últimos anos de sua vida, ao descrever o leão mecânico: “Uma vez em frente a Francisco I, rei da França, ele fez andar pelo meio do salão um leão, feito com admirável esmero; depois de parar, abriu-se o peito cheio de lírios e outras flores.”
O mecanismo agora em exibição foi construído, segundo o diretor diretor científico do Museu Leonardo 3, Mario Taddei, baseado em anotações encontradas em um caderno de desenhos do gênio italiano chamado Codex Madrid. Os pesquisadores tiveram que usar, além de diagramas parciais, algumas extrapolações, como a de que o leão andava por meio do sistema que Da Vinci conheceria de relojoeiros italianos e de autômatos árabes que eram então populares em Veneza.
“O motor de todo o mecanismo consistia em uma grande mola helicoidal localizada dentro da máquina. É possível supor que a mola, já totalmente estendida, liberasse um gancho que permitisse a abertura do peito do leão. Assim, os lírios contidos nela teriam caído no chão, criando um tapete de flores para homenagear o rei.”
Confira o vídeo sobre a recriação do Leão Mecânico de Da Vinci (em italiano):