Ciência
07/07/2020 às 02:30•2 min de leitura
Um processo que pode levar cerca de 1 milhão de anos para ser finalizado foi capturado por dois poderosos equipamentos dedicados à observação do Universo. Trata-se de um verdadeiro show de fogos de artifício espacial proporcionado por um aglomerado de estrelas-bebê, ilustrando como ocorre o surgimento de astros do tipo.
Batizado de G286.21+0.17, o conjunto está localizado a cerca de 8 mil anos-luz da Terra. Utilizando o Telescópio espacial Hubble, para registrar as imagens, e o rádio-observatório Atacama Large Millimeter Array (ALMA), para observar a movimentação de gases na região, cientistas criaram uma representação do espetáculo que acontece por lá. "Isso ilustra quão dinâmico e caótico é o processo de nascimento de estrelas", explica Jonathan Tan, coautor do estudo.
"Podemos visualizar forças concorrentes em ação: gravidade e turbulência de uma nuvem de um lado; ventos estelares e pressão radioativa das estrelas mais jovens, de outro."
Dança cósmica dá origem a novas estrelas.
A dança cósmica foi representada digitalmente por cores, e sua movimentação dá uma ideia de qual é a velocidade em que tudo ocorre quando se toma nosso Sol como ponto de referência. As partes roxas mais rosadas são os gases que se movem de maneira mais lenta, enquanto as mais azuladas dizem respeito àqueles que se mexem mais rápido.
Para chegar a essa composição, os pesquisadores combinaram 750 fotografias capturadas pelo ALMA. Basicamente, o gás cai no aglomerado devido à gravidade e, quando entra em colapso, se torna aquilo que fará parte de uma série de novos astros. Tudo isso ocorre lentamente, e o desenvolvimento total desse sistema pode levar até 1 milhão de anos, segundo os cientistas.
Caso você esteja se perguntando se há mais registros do tipo por aí, outro exemplo é o que revelam astrônomos com o uso do Telescópio Nicholas U. Mayall, também conhecido como Telescópio Mayall de 4 metros, que encontraram em seus arquivos a imagem a seguir, da galáxia NGC 925. “O fogo de artifício cósmico no centro dela se assemelha a um vasto cata-vento, com uma barra central brilhante e braços espirais.”
Na NGC 925, o espetáculo também ocorre – ou ocorreu.
"As explosões vermelhas espalhadas por toda a NGC 925 são erupções originadas da formação de estrelas rastreadas por meio da observação cuidadosa da emissão de hidrogênio-alfa", afirmam os responsáveis pela pesquisa.
A NGC 925 está um "pouquinho" mais longe daqui, cerca de 20 milhões de anos-luz da Terra, o que sugere que as coisas já devem ter dado uma acalmada por lá há muito tempo. Quanto ao aglomerado G286.21+0.17, Tan comemora: "Esse é um processo que esculpe a região. É incrível pensar que nossa estrela-mãe e os planetas da Via Láctea passaram por algo semelhante".
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