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09/07/2020 às 06:19•2 min de leitura
Cientistas e pesquisadores da University College London (UCL) descobriram, através de exaustivos estudos em pacientes com o novo coronavírus, que uma relação entre a infecção da covid-19 e o surgimento de sintomas de complicações neurológicas pode estar começando a ganhar força. Dessa forma, a pandemia adquire contornos mais preocupantes também para pessoas já curadas da doença, indicando que, no futuro, novas e sérias condições podem aparecer em seu organismo.
A pesquisa, apresentada nesta semana na revista Brain, evidencia danos cerebrais em 43 pacientes entre 16 e 85 anos de idade que fizeram parte do projeto. Entre eles, 10 foram diagnosticados com delírio e 12, com infecções, sendo a grande maioria com encefalomielite disseminada aguda (Adem), um quadro raro de doença inflamatória que pode surgir após uma vacinação. Além desses, em 8 foram constatados derrames cerebrais e em outros 8 foram identificadas lesões nos nervos.
"Se vamos ver uma epidemia em larga escala de danos cerebrais ligada à pandemia, talvez semelhante ao surto de encefalite letárgica nas décadas de 1920 e 1930 após a pandemia de influenza de 1918, ainda não sabemos", disse Michael Zandi, do Instituto de Neurologia da UCL, autor do estudo.
(Fonte: University College London/Reprodução)
Em relação à situação futura dos pacientes diagnosticados com as disfunções neurológicas, o aumento do atendimento de sintomáticos também liga o estado de alerta para a Adem. Segundo os pesquisadores, antes do coronavírus, apenas um paciente diagnosticado com a inflamação era atendido por mês, em média; agora, a situação agravante surge como um "aumento preocupante", com no mínimo um atendimento de encefalomielite disseminada aguda por semana.
"Se daqui a 1 ano tivermos 10 milhões de pessoas recuperadas e elas tiverem déficits cognitivos, isso afetará sua capacidade de trabalhar e de realizar atividades diárias", comentou Adrian Owen, neurocientista da Western University, no Canadá, um dos líderes de um projeto anterior ao da UCL, publicado no fim de junho.
Ainda em andamento, o projeto do neurocientista em parceria com o Dr. Rick Swartz, neurologista do Sunnybrook Hospital, projeta reunir dados de mais de 50 mil voluntários, todos armazenados e disponibilizados de forma online, para facilitar o acesso.
(Fonte: Cambridge Brain Sciences/Reprodução)
A plataforma desenvolvida pelos cientistas irá registrar diversas informações sobre o histórico médico dos pacientes através de formulários envolvendo o coronavírus e outros acidentes clínicos. Além disso, serão testados por um inédito aparato de jogos cognitivos focados na avaliação da memória, que será utilizado posteriormente para a obtenção de dados mais conclusivos.