Estilo de vida
13/07/2020 às 13:30•2 min de leitura
Um novo estudo indica que o satélite natural da Terra pode ter contado com um oceano incandescente por cerca de 200 milhões de anos, um tempo muito superior ao indicado por hipóteses científicas estabelecidas até então. A descoberta pode auxiliar na compreensão da evolução do nosso sistema, uma vez que a Lua nasceu pouco após a formação de nosso lar.
Acredita-se que o surgimento do corpo celeste ocorreu depois da colisão de dois protoplanetas, também chamados de embrionários, sendo que um deles deu origem a nosso planeta e o outro, um objeto do tamanho de Marte chamado Theia, foi pulverizado – aquecendo as coisas no espaço.
Impacto massivo entre corpos celestes deu origem à Terra e à Lua.
Maxime Maurice, cientista planetário do Centro Aeroespacial Alemão em Berlim, explica a importância da pesquisa: "A lua primitiva, que se acumulava nos destroços desse impacto massivo, era muito quente – quente o suficiente para que seu manto rochoso fosse derretido e formasse o que chamamos de oceano de magma."
Evidências do acontecimento já foram encontradas anteriormente devido à composição da crosta lunar, formada por resíduos flutuantes cristalizados pelas condições do ambiente. "Enquanto a ideia da existência do oceano é aceita por grande parte da comunidade científica, o tempo levado para que ele se solidificasse permaneceu um mistério por muito tempo."
"Modelos anteriores indicavam que foi realmente rápido. Apenas algumas dezenas de milhões de anos", complementa Maurice. Rápido para o Universo, claro, só que o período, aparentemente, foi muito maior.
Oceanos de magma podem ter durado bem mais que se acreditava até então.
Um novo modelo que considerasse a influência de diversos processos daquela época desconsiderados até agora foi desenvolvido pelos pesquisadores à frente da revelação, como a chamada convecção do manto, o modo como os redemoinhos podem se formar e agitar rochas derretidas e que, na Terra, causam o vulcanismo.
A partir desses detalhes, Maxime e sua equipe chegaram à conclusão de que a solidificação pode ter durado de 150 a 200 milhões de anos, cerca de 10 vezes mais que o previsto inicialmente. Além disso, novas informações quanto à idade da Lua foram descobertas e sugerem que ela se formou entre 4,4 e 4,45 bilhões de anos atrás, adicionando de 50 a 100 milhões de velas a seu aniversário e aproximando a data à de surgimento do núcleo terrestre.
Calma de hoje em dia demorou bilhões de anos para acontecer.
Caso as estimativas sejam acertadas, é possível que o evento das grandes colisões – última etapa da origem de planetas – ainda estava ativo 150 milhões de anos após a formação da Sistema Solar. "Existe uma forte ligação entre o nascimento da Lua e a formação do núcleo da Terra, uma vez que o impacto massivo possivelmente resultou em um derretimento de larga escala do manto de nosso planeta, auxiliando na criação da camada mais interna."
"Foi incrível ver que nossos resultados evidenciaram todas essas implicações", finaliza Maurice.
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