Anomalia do Atlântico Sul existe há pelo menos 11 milhões de anos

03/08/2020 às 04:002 min de leitura

Você já ouviu falar de uma anomalia estranha que existe no campo magnético terrestre sobre o Atlântico Sul? Trata-se de uma região desse escudo que protege a Terra da ação dos ventos solares e raios cósmicos cujo comportamento é um tanto quanto diferente e o campo magnético é mais fraco. A perturbação é uma velha conhecida dos cientistas e coincide com o local onde o anel mais interno do Cinturão de Van Allen fica mais próximo do nosso planeta e propicia um maior fluxo de partículas. Contudo, não se sabe desde quando ela existe.

Datação energética

Para ajudar a solucionar o mistério de quando a anomalia surgiu, pesquisadores da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, conduziram análises em rochas vulcânicas coletadas na Ilha de Santa Helena – que, assim como parte da América do Sul, incluindo o sul do nosso país, fica posicionada sob o “furo” no escudo terrestre.

De acordo com Samantha Mathewson, do site Space.com, os cientistas escolheram essas rochas porque as variações no campo magnético ficam preservadas nelas e permitem que sua história seja reconstruída. Segundo Samantha, o que ocorre é que, quando o magma chega à superfície, ele se resfria, formando as rochas vulcânicas – e grãozinhos de óxido de ferro presentes nesse material são magnetizados mantendo, dessa maneira, a direção e a força do campo magnético terrestre de quando as rochas são produzidas.

Pelo menos 11 milhões de anos!Pelo menos 11 milhões de anos!

Assim, os estudos foram realizados em amostras de 34 erupções diferentes ocorridas na ilha entre 8 e 11 milhões de anos atrás e revelaram que, além de a anomalia do Atlântico Sul não ser única, ocorreram outras tantas ao longo dos milênios. Isso porque, no caso das rochas de Santa Helena, os cientistas descobriram que, dependendo da erupção, o campo magnético apontava em diferentes direções, indicando instabilidades magnéticas no local.

Os pesquisadores também encontraram evidências de que a anomalia do Atlântico Sul está relacionada com determinadas características sísmicas detectadas no interior do planeta, na parte onde o núcleo e o manto se encontram. Além disso, o estudo apontou que é pouco provável que as flutuações registradas na anomalia possam desencadear a inversão do campo magnético terrestre, uma vez que as variações vêm ocorrendo há milhões de anos. Ainda assim, essa curiosa região é conhecida por provocar interferências em satélites artificiais e outros equipamentos em órbita e, portanto, é importante entender a sua dinâmica e comportamento.

Anomalia do Atlântico Sul existe há pelo menos 11 milhões de anos via TecMundo

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